domingo, 16 de maio de 2010

A professora de Mirandela e a ministra da Cultura

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Com a devida vénia à Playboy e ao DN, a professora de Mirandela de atividades extra curriculares e a senhora ministra da Cultura têm várias coisas em comum:
1 – são ambas mulheres bonitas
2 – sobre ambas, as opiniões dividem-se (no entanto, relativamente à professora de Mirandela, houve progressos; não se viram pais e mães irados a pôr ações contra a professora, como tristemente se viu em Espinho, com a professora que nas aulas de História falava sobre o sexo dos deuses)
3 – ambas exerceram com independência o seu poder gestionário nos domínios em que a legislação em vigor o permite (ainda pensei em pôr uma ação contra a senhora ministra por utilização abusiva da minha condição de espetador do S.Carlos para fundamentar uma decisão que não subscrevo e por tratar um diretor de ópera como um treinador de futebol não desejado pelos sócios e despedido a pretexto destes, apesar de ganhar jogos e de ainda faltar um ano para terminar o contrato; porém um amigo jurídico explicou-me pacientemente que qualquer membro do Governo tem todo o direito de fazer os disparates que quiser desde que esteja no âmbito da sua discricionariedade gestionária; e que a única coisa a fazer é os cidadãos organizarem-se em movimentos próprios, já que os deputados representantes no Parlamento não conseguem despachar em tempo útil os assuntos que têm entre mãos; foi o que alguns cidadãos fizeram sem nada ganharem com isso, manifestaram-se publicamente contra a decisão da senhora ministra, contra um despedimento que implicou uma indemnização, perturbações na programação e na atividade de cantores portugueses e, a prazo, porque a programação do diretor despedido, como a de qualquer diretor de ópera, cobre ainda o próximo ano, o corte com teatros do centro da Europa com conceções de produção de ópera a que não estávamos habituados e que agora vamos perder).




Mas não têm em comum outras coisas, por exemplo:
1 – a remuneração, mesmo afetando as respetivas remunerações de coeficientes corretores das diferenças de qualificações, experiencia e importância das funções (informou-me a minha mulher, professora reformada, que o ordenado dos professores de atividades extra curriculares, pago pelas autarquias, que isso foi uma das grandes conquistas de anteriores ministérios da Educação, é de 5 euros por hora; por falar em cultura, recordo o filme de Jane Fonda, a representar o papel de uma candidata a atriz em New York, que se vê sucessivamente rejeitada nas audições que vai fazendo)
2 – o desprezo pelos elementos necessários à tomada de uma decisão que a senhora ministra revelou quando diz que “a arte se mede pela forma como alimenta os públicos” ao mesmo tempo que recusa a estatística que revela que o numero de espetadores aumentou e que o custo das produções por espetador se aproximou dos valores europeus; a professora de Mirandela, mesmo que não tenha lido o Supercrunchers - super analistas de dados (cuja leitura recomendo vivamente à senhora ministra para informação sobre mecanismos de tomada de decisões) muito provavelmente, graças à sua formação escolar, não desprezaria a informação estatística (a estatística é como muitas coisas neste mundo, pode ser bem ou mal utilizada).
3 – os conceitos que ambas têm sobre a capacidade do sistema político em proporcionar as condições para a realização profissional e pessoal dos cidadãos e das cidadãs em geral , isto é, sobre o desenvolvimento das capacidades de cada um por mérito próprio, independentemente dos mecanismos de ascensão em vigor; muito provavelmente as opiniões de uma e outra serão muito diferentes

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