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A sociedade humana também se orienta por mecanismos de moda.
Até deve fazê-lo porque assim utiliza os genes que permitem ao grupo em movimento atenuar os efeitos dos ataques dos predadores.
Nem sempre dá resultado, especialmente em política, mas há coisas em que vale a pena andar na moda.
Por exemplo, as preocupações ambientais.
Vejo no Oje uma pequena notícia com as conclusões de um estudo sobre a eco-condução. Se os condutores adotassem as técnicas da eco-condução, Portugal poderia poupar por ano 800 milhões de euros de combustível (20% do total atualmente consumido) e 1.700 milhões de toneladas de CO2.
Tem muita graça esta moda de anunciar números de poupança.
Neste caso, custa-me a acreditar que 800 milhões de euros de combustível correspondam a 1.700 milhões de toneladas de CO2.
Segundo as minhas contas, corresponderiam a cerca de 2 milhões de toneladas, mas posso estar enganado, o que até é altamente provável.
Igualmente 1.700 milhões de toneladas de CO2 não valerão 120 milhões de euros, como também vem referido no estudo, pelo menos tanto quanto informam as doutas fontes da Internet .
Quer-me parecer que uma licença de carbono equivale a uma tonelada de CO2, e que o preço de uma está por volta de 12 euros( http://www.triplepundit.com/2010/03/carbon-markets-trading-to-stop-climate-change/ ).
Assim pois se fazem os cálculos (na realidade, quando se apresentam cálculos na comunicação social é mais para impressionar do que para demonstrar, não é?).
Mas como convencer os automobilistas frustrados deste país a conduzir de forma económica?
Eu escrevi frustrados?
Terá sido influência inconsciente, de Freud, “et pour cause”.
Que a força é normalmente exibida por quem se sente inseguro, que o automobilista compra um carro potente para poder compensar a sua impotência e a sua frustração .
Frustração por durante o dia de trabalho ter sido contrariado, ou por não ter participado na luta pelos objetivos comuns,ou por ter estado iludido.
Donde, se quisermos uma condução ecológica e económica, teremos de melhorar o ambiente de trabalho nas empresas…
Como convencer os condutores a não acelerar bruscamente? A moderar a velocidade, especialmente à aproximação das passadeiras de peões, de modo a não precisar de travagens bruscas? A ocultar a potência dos seus carros? A reprimirem este imperativo social de acelerar quando se sentem perseguidos?
Como explicava há dias um senhor da prevenção rodoviária, citando o caso da Austrália, o primeiro passo é uma campanha publicitária intensiva nos meios de comunicação social, a começar pela televisão .
E essa campanha terá de ser pela positiva, evidenciando comportamentos recomendados, e nunca pela negativa (é inútil mostrar imagens de acidentes por imprevidência de condução porque “só acontece aos outros”).
Mas, estarei falando como no deserto?
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