Como tendes coragem de escrever que o direito à propriedade privada está ameaçado?
A propriedade de quem ficou sem capacidade para pagar o empréstimo da sua habitação?
Não, a propriedade privada de quem tem muitas ações de bancos.
Vós sois edificios bonitos por fora mas por dentro sois o que diz a parábola.
Cegou-vos a ganancia para não verdes que este governo que mentiu na campanha eleitoral é o vosso melhor servidor, mesmo protestando ter a intenção de ser o mais passivo que imaginar se possa como acionista?
Porque protestais agora a dizer que não quereis o estado como acionista?
Como tendes o descaramento de dizer que os doze mil milhões de euros não podem ser administrados pelo estado, a nação organizada, a comunidade dos portugueses estruturada no poder executivo, legislativo e judicial?
Estranhais que vos peçam para ter uma taxa baixa de empréstimos relativamente aos depósitos ? (desalavancai, diz o senhor presidente da republica)
E tendes lata para ameaçar o estado com uma ação?
Vós que penhorais até ao último alento, de quem montou um negócio, sem esconder faturas e se afundou num momento de quebra da procura.
Tende cuidado, porque nem todos os juizes são o que pensais.
Ainda há juízes em Berlim, dizia o camponês de Potsdam para o grande Frederico que o queria expropriar.
Se tiverdes o azar do processo ir parar às mãos de alguns juízes de Berlim, correis o sério risco de ser acusados de estar a entupir o tribunal com ações espúrias e podereis sair condenados por sabotagem da economia porque a ineficiência da justiça é um dos fatores apontados pelos investidores estrangeiros para justificar a pouca vontade de investir em Portugal.
Vós sois os meninos maus de que falei há tempos:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/07/os-4-meninos-maus.html
Vós sois os meninos maus, mimados, protegidos, sempre prontos a fazer queixinhas para que os vossos interesses sejam satisfeitos, sempre prontos a chamar a atenção para os vossos sucessos e exigencias de recompensas.
Para poderdes continuar a empurrar e a extorquir os outros meninos e meninas, distraídos que estão com os seus jogos, e incapazes de compreender os prejuízos e os sofrimentos que estão a causar aos outros, porque para vós apenas contam os resultados finais que se traduzam em lucros.
Aplica-se a vós a citação que o deputado do BE José Manuel Pureza foi buscar para comentar a insensibilidade dos cortes nos rendimentos de quem trabalha:
Tony Judt, um social-democrata que não caiu aos pés da deriva liberal, deu-lhes a resposta certa: "Hoje em dia, ficamos orgulhosos ao ser suficientemente duros para infligir dor nos outros. Se ainda vigorasse um costume mais antigo, pelo qual ser duro consistia em suportar a dor e não em a impor, talvez devêssemos pensar duas vezes antes de preferir com tanta insensibilidade a eficiência à compaixão."
Sabeis o que estais a fazer quando vos queixais de ter medo de serdes nacionalizados como foram nacionalizados os banco dos vossos maiores quando os descapitalizaram em fuga para o Brasil, como dons joãzinhos sextos?
Sabeis que banqueiros com medo são banqueiros que pedem aos seus clientes que vão a correr secar os cofres a levantar os seus depósitos?
Ignorais que a classe média nos anos de quase bancarrota dos anos 20 e 30 do século XX tinha contas em bancos ingleses, franceses, suiços?
E quereis ignorar que nos dias hoje vós ajudais a sangria para as off-shores?
Quisestes há dias que o estado criasse um bad bank para ficar com o vosso crédito mal parado.
Ah, dizeis que muito desse crédito mal parado é do estado.
Mal parado? Deixou de pagar, quando e quanto?
E mal parado de particulares e empresas particulares já é de 5 mil milhões, dos quais 2 mil milhões de interrupção do pagamento dos empréstimos da habitação?
Acreditais então que o "mercado" pode ajudar o PIB a crescer?
Ou isso não vos interessa, só vos interessa o lucro?
Não era o que dizia Adam Smith, que dizia que tinheis de ter uma função social.
Terieis de moderar a vossa ganancia, de vos contentardes com menores lucros, ou então maiores impostos.
Como pois estais agora com exigencias, depois de os vossos homólogos terem desencadeado toda esta crise internacional?
Lestes o artigo "Should some bankers be prosecuted?", de Jeff Madrick e Frank Partnoy, na "New York Revie of Books", vol.58 - nº17?
Vistes a ópera de Nuno Corte Real, "Banksters" (isso mesmo, aglutinação de bankers e gangsters)?
http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=banksters
Deixai que vos recorde as palavras do presidente Andrew Jackson em 1834:
“Também tenho sido um observador atento do que o Second Bank of the United States tem feito. Tenho colaboradores a vigiar-vos há longo tempo e estou convencido de que vocês usaram os fundos do banco para especular . Quando ganham, dividem os lucros entre vocês; quando perdem, debitam ao banco… vocês são um ninho de víboras e de ladrões”.
Ponderastes a notícia das manifestações contra o vosso poder? Não me refiro só aos "Occupy"
(To fellow citizens occupying Wall Street and peoples protesting across the world:
We stand with you in this struggle for real democracy. Together we can end the capture and corruption of our governments by corporate and wealthy elites, and hold our politicians accountable to serve the public interest. We are united - the time for change has come!) ,
que para isso melhor será analisardes o artigo do Nobel Krugman (So who’s really being un-American here? Not the protesters, who are simply trying to get their voices heard. No, the real extremists here are America ’s oligarchs, who want to suppress any criticism of the sources of their wealth.)
Refiro-me às manifestações em 2011-11-12, em Berlim e em Frankfurt, frente à sede do BCE, com cartazes a dizer "Banken in die Schranken".
Frankfurt, 2011-11-12, com a devida vénia ao DN |
Ides continuar como o banqueiro que queria ir além das gorduras e sangrar o mercador de Veneza?
Poupai-vos a esse risco, considerai ainda o risco explosivo de Guy Fawkes , aquela máscara afilada, com bigodinho à Errol Flyn e pera à duque de Guise (de como um criminoso se transforma em símbolo de resistencia contra a opressão).
Vá, aceitai o estado como acionista.
Pode ser que as eleições continuem a favorecer quem pensa como os vossos grandes homólogos, e daqui a 3 anos o senhor ministro das finanças vos faça um preço para amigo para ficardes com as ações só para vós.
Que receais? é agora primeiro ministro na Itália quem trabalha para a Goldman Sachs (Goldman Sachs, Goverdman Sachs) , primeiro ministro na Grécia quem foi a eminencia parda do senhor Tricheur, perdão Trichet, no BCE.
Nem sequer foi preciso enganar as populações em campanhas eleitorais.
Contende-vos, pois, deixai-vos de queixinhas de meninos maus.
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