De supetão, em atropelo dramático, diriam outros trágico, e outros ainda burlesco, de forma abrupta, cortante como a queda da espada de Damocles, pum! catrapum!, já está e já, já, deixa o senhor Diogo Infante de ser diretor do teatro nacional Dona Maria II, assim falou o senhor secretário de estado da cultura.
Ou talvez não de forma tão abrupta porque o relapso Diogo em cénica vénia, à disposição o lugar tinha já posto, da soberana criatura.
Como raios de Zeus descem do como olimpo da secretaria de estado os anátemas de que o corte maior ao TNDMII era porque o relapso não tinha cumprido as ordens de corte de 15% como todos os colegas cumpriram, o que na prática dava um corte de 36% entre 2010 e 2012.
E a doutrina, estranha num homem de cultura, que embora pouco sensível à ópera, ao bailado e à musica sinfónica, escritor premiado e jornalista cultural, como é o senhor secretário de estado da Cultura, admirador confesso de George Steiner, o critico das Humanidades por não terem combatido a barbárie da crise económica, estranha, dizia, a doutrina que é despejada como a carga de um camião de aterros sobre o pobre ex-diretor: "“Os tempos actuais exigem que as empresas e as instituições do Estado sejam geridas com critérios de excelência e que os responsáveis que as dirigem sejam capazes de encontrar soluções que maximizem resultados, escusando-se muitas vezes a escolher o caminho mais fácil”.
Fica assim Diogo Infante com o labéu de não ter querido reduzir o fardo da palha para o seu cavalo, de não ter querido habituá-lo a dar espetáculo sem comer.
Eu gostaria só de dizer, a propósito de cultura e de crise, por que é estranha a doutrina, falando em numeros, como o atual governo gosta.
Porque um país em que o orçamento da cultura é inferior a 1% do orçamento de estado é um país auto-limitado e que se auto-exclue, por maior que seja a fé que depois da recessão vem o crescimento, e por maior que seja a desconfiança relativamente a alguns dos agentes culturais do nosso meio.
Malabarices |
2 - Justiça
A senhora ministra da justiça afirmou que existem 4408 guardas prisionais e que, por o número ser próximo da média europeia, não haverá admissões. Será talvez um paradoxo, uma vez que, para fazer face ao aumento da criminalidade violenta, estão a ser admitidos policias e GNRs, o que seria para fazer detenções; a menos que se pretenda aumentar a produtividade dos guardas aumentado a taxa de ocupação das prisões. Mas não sei se as prisões terão capacidade, depois de se terem vendido umas quantas. Talvez então o melhor seja privatizar, organizar um concurso para prestação de serviços de prisão. Nos USA dá muito resultado, até dá receita ao estado. Mas também é verdade que a criminalidade nos USA não é a mais desejável.
Independentemente desta questão, o sindicato dos guardas afirma que o numero de profissionais em serviço nas prisões é inferior a 4000. Teriamos a fala da senhora ministra padecendo de um desajustamento relativamente à presença efetiva de guardas, de cerca de 10%. Não é grave, mas deve ser corrigida, a fala.
Faz-me lembrar um ralhete que sofri do senhor administrador, criticando-me por ter uma sala de desenho com 12 desenhadores e deixar acumular o trabalho. Tive de esclarecer que tinha 8 desenhadores efetivos para todas as valencias e tarefas próprias de todas as infraestruturas e equipamentos fixos do metropolitano, 3 administrativos reconvertidos em operadores de cópias por motivos psicológicos e 1 desenhador sofrendo em alto grau de uma doença do foro neurológico que o indisponibilizava frequente e inesperadamente. É muito fácil gerir a partir do tableau de bord com luzinhas a acender e a apagar que não traduzem a realidade. E é muito fácil também, por razões de produtividade, despedir as pessoas que deixam de poder produzir por adoecerem, sem pensar como elas vão sobreviver, em vez de as aproveitar no que elas podem fazer.
Enfim, questões de justiça.
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