Não quero nem posso, por desconhecimento, negar os excessos e os abusos cometidos pelos gregos, a todos os níveis.
Desde as pensões das filhas dos funcionários públicos até à lista de ricos que fugiam impostos que o ministro das finanças grego publicou.
Sei dos jornais que o governo anterior ao atual mascarou as contas.
E que o fez com a ajuda da Goldman Sachs.
Mas não sei se foi tão diferente relativamente ao que se passou cá.
Há anos que se sabia que as dividas das empresas públicas de transportes portuguesas eram dividas do Estado, e isso foi dito a governos laranjas e cor-de-rosa e laranja-azul e cor de rosa-azul-laranja - esta das cores é só para compensar aquilo que se dizia muito dantes, que a culpa era dos comunistas.
Por falar em comunistas, é uma pena as televisões não darem noticia das posições na Grécia de pessoas como Mikos Teodorakis, por exemplo.
Outra coisa que sei, e que me ficou da Física, é que não se deve passar bruscamente de um estado para outro a um nivel muito diferente, para não induzir forças aperiódicas de grande amplitude, suscetíveis de provocarem oscilações de ressonancia por colisão com as estruturas pré-existentes (esta é só para dizer que o atual governo grego não deve acabar com as mordomias das filhas dos funcionários publicos num ai, deve dar pelo menos dois ais antes de acabar com elas, as mordomias; longa vida às filhas dos funcionários).
Como já tive oportunidade de blogar, um dos filmes mais tristes que vi foi com o Mastroiani, o Apicultor, uma viagem de recolha de mel pela Grécia rural e decadente.
Há mais de 20 anos.
Ver em
Fica caro, quando se pinta sobre a ferrugem da decadencia.
Quando a pintura é a dos académicos das faculdades de economia neo-liberais e a ferrugem é a das estruturas nacionais desorganizadas pelo império financeiro da globalização.
Tambem sei, da televisão, por ver entrevistas de rua na Atenas de hoje, que quem trabalhava, na privada ou na publica, e ganhava 500 euros, ganha agora 250 (se isso são mordomias...).
Finalmente, a Grécia está em crise, num caos e numa catástrofe.
Certo, mas estas são palavras gregas e portanto são minhas porque só posso render-me a quem inventou a palavra otorrinolaringologia.
Como grega é a palavra Europa.
Mais um exemplo de que os netos desprezam a avó quando ela é mais pobre.
Como grega é a palavra Europa.
Mais um exemplo de que os netos desprezam a avó quando ela é mais pobre.
A história da Europa, desde Carlos Magno (ele tambem alemão, porque as tribos francas distinguem-se das outras por terem aprendido alto latim) tem sido também a de uma preparação e depois pilhagem do que foi o império romano do oriente, e só não foi mais por causa dos turcos, aqueles malandros.
Os cavalos da praça de S.Marcos (os que estão guardados, claro) talvez ainda estivessem em Constantinopla se os turcos se têm antecipado 2 séculos, e a igreja de Santa Sofia provavelmente já teria sido adulterada e estaria irreconhecivel se tivesse caido sob a jurisdição do bispado de Roma.
Ainda recentemente o ocidente feriu bem fundo na fronteira entre as zonas de influencia histórica das igrejas católica e ortodoxa ao colaborar no eclodir da guerra civil jugoslava e ao participar nela.
Vêm agora os lideres das potencias dominantes da união europeia e os dirigentes dos grandes bancos escandalizar-se (outra palavra grega) porque o primeiro ministro grego convocou um referendo?
Referendo é para situações excecionais e significa ouvir quem é a fonte do poder.
Como diz o étimo, democracia, uma palavra grega, de dificil aprendizagem pelos lideres políticos e pelos dirigentes dos grandes bancos, que confundem o protagonista do drama (mais palavras gregas), que é o povo, não são eles .
Se querem que o referendo diga sim, façam o favor de ser s-o-l-i-d-á-r-i-o-s, acabem com os juros agiotas de 93%.
Citação do professor de Coimbra José Castro Caldas: "A Grécia está encostada à parede e os lideres europeus podem finalmente perceber que é preciso reforçar o papel do BCE na provisão de liquidez, avançar nas euro-obrigações e ter um orçamento comunitário a sério".
E não demonizem o povo grego.
Demonizar o povo grego é para mim o mesmo que um brasileiro com problemas de identidade demonizar a lingua portuguesa ou ter pena que a lingua holandesa se tivesse limitado ao Suriname.
Citação do professor de Coimbra José Castro Caldas: "A Grécia está encostada à parede e os lideres europeus podem finalmente perceber que é preciso reforçar o papel do BCE na provisão de liquidez, avançar nas euro-obrigações e ter um orçamento comunitário a sério".
E não demonizem o povo grego.
Demonizar o povo grego é para mim o mesmo que um brasileiro com problemas de identidade demonizar a lingua portuguesa ou ter pena que a lingua holandesa se tivesse limitado ao Suriname.
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