- é óbvio que a redução de salários da função pública se irá refletir na redução de salários do setor privado;
- ou se reduzem os salários para o trabalho que se produz, ou se aumenta o trabalho que se produz para manter os salários
- os salários da função pública e o numero de funcionários são elevados
- que cortar salários é uma opção do governo português mas que a troica dá suporte
Confesso que me desiludiram estas declarações. Mesmo em paridade de poder de compra os salários em Portugal não são elevados.
O numero de funcionários públicos ser elevado ou não depende da extensão do serviço público; o montante ser elevado depende da qualificação dos funcionários (médicos, professores...). A proposta da troica para redução do numero de funcionários é de 2%, ou uma passagem de 700.000 para 686.000 .
Comparando com os salários dos países que, segundo o senhor presidente do Conselho da UE estão imunes à crise porque sempre adotaram politicas firmes (e porque a geração atual herdou uma estrutura produtiva forte, e porque alguns desses países têm politicas fiscais que prejudicam os paises europeus de economia mais fraca), só pode concluir-se que os salários em Portugal são baixos.
Acresce a taxa de desemprego, que contribui para a redução da quota dos rendimentos de trabalho.
Aliás, sendo pequena a quota da contribuição do fator trabalho para os custos de produção, como é que estes senhores encaram com tanta naturalidade fazer recair sobre ele o grosso do esforço?
Os burocratas económicos e financeiros da corrente dominante da Europa têm esta ideologia neo-liberal, de reduzir a tout prix as despesas públicas, sem contabilizar os prejuízos sociais daí decorrentes, e de impor a austeridade a quem vive do seu trabalho, sem cuidar dos outros rendimentos, sem querer entrar em conflito com os off-shores, e sem querer dotar o BCE dos poderes de um banco central, segundo as politicas definidas pelos partidos votados pelos eleitores (pelo menos enquanto não for possível pensar numa democracia mais direta).
Por isso volto à medida nº 9 das 22 medidas propostas no manifesto dos economistas aterrados: efetuar uma auditoria pública às dívidas pública e privada, identificando as entidades particulares ou empresariais credoras e identificando o destino dos empréstimos recebidos e a sua contribuição para o equilíbrio da balança de pagamentos. Quem emprestou, e a quem foi emprestado, e onde foi gasto e com que utilidade o que foi gasto. Ver em:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/10/economicomio-lxii-as-22-medidas-dos.html
E proponho tambem o provérbio chinês aplicado à troica: "Não me dês o peixe, dá-me uma cana e diz-me como se pesca".
Não me importo que venhas para cá uns tempos montar fábricas e construir barcos de pesca. Podes gerir as fábricas e explorar os barcos, até nem te tens dado mal com a Auto-Europa e a fábrica de eletrónica para automóvel da Bosch, em Braga.
Podes montar os negócios que quiseres, desde que empregues o nosso pessoal; vai-o formando e quando tivermos dinheiro compramos a vossa parte de comum acordo.
Mas não nos digas que os nossos salários são elevados.
Salário bruto por hora em euros em 2006 - salários mais elevados com as cores mais escuras:
"In the euro area (EA-16), where employees earned on average 13.99 EUR gross per hour, the top three high-wage countries were Ireland (20.83 EUR), Luxembourg (19.19 EUR) and Belgium (17.45 EUR). The euro area countries registering the lowest gross hourly wages were Slovakia (3.10 EUR), Slovenia (6.75 EUR) and Portugal (7.00 EUR)"
Gravura e citação retiradas de:
Para o salário mínimo ver:
Rank | Country | 2009 $ |
1 | 51,493 | |
2 | 50,610 | |
3 | 47,810 | |
4 | 45,385 | |
5 | 45,161 | |
6 | 45,160 | |
7 | 43,607 | |
8 | 43,250 | |
9 | 42,173 | |
10 | 41,923 | |
11 | 41,421 | |
12 | 37,544 | |
13 | 37,269 | |
14 | 35,582 | |
15 | 34,903 | |
16 | 32,957 | |
17 | 32,816 | |
18 | 32,638 | |
19 | 32,121 | |
20 | 27,460 | |
21 | 22,666 | |
22 | 19,618 | |
23 | 18,220 | |
24 | 17,812 |
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