As vias reservadas na Av.24 de julho para elétricos, autocarros e taxis não oferecem o nivel de segurança desejável.
Não posso sustentar esta afirmação em estatísticas donde possa inferir, pelo cruzamento da probabilidade de ocorrencia com a gravidade das consequencias, o nivel de risco associado.
Mas posso analisar as condições de segurança por observação do local.
É verdade que, como a comunicação social informou, a propósito do atropelamento mortal de 1 de dezembro de 2011, que em 47% dos casos de atropelamento nas ruas e estradas , segundo a autoridade de segurança rodoviária, ANSR, a "culpa" é dos peões atropelados.
Não me parece correto punir assim, com a pena capital, a "indisciplina dos peões" ou a desatenção de jovens, à uma da madrugada.
O cérebro humano não foi desenvolvido, através da evolução, para tomar as decisões corretas em ambiente de variação tão rápida de parâmetros suscetíveis de gerar acidentes, como é o ambiente de tráfego dos veículos motorizados.
Por isso seria bom que, com um bocadinho de humildade, os analistas de acidentes, os técnicos da segurança rodoviária, e o respetivo ministério ou secretaria de estado, reconhecessem que não basta diagnosticar a "indisciplina dos peões", e que há ações que podem e devem ser desenvolvidas.
Dá-se como exemplo os atropelamentos no metro sul do Tejo, de pessoas idosas que não tiveram capacidade para apreender as situações de perigo.
Foi proposta a redução de velocidade em zonas bem definidas e a introdução de sinalização luminosa em passadeiras para travessia. São medidas insuficientes (a medida correta, embora dispendiosa, seria a segregação integral das vias para elétricos, com cruzamentos desnivelados) e julgo que não foram implementadas.
No caso da 24 de julho, é evidente o risco para os peões que circulam nos passeios estreitos, a poucos centímetros de elétricos e autocarros que podem atingir os 60 km/h (deveriam também, dados os elevados custos da segregação integral, ser estabelecidas zonas de restrição de velocidade a 30 e a 50 km/h junto de pontos de risco, uma vez que um elétrico, a 60km/h, necessita de cerca de 120m para parar).
O sentido das vias ao longo de uma travessia completa da avenida muda muitas vezes (pormenor importante do ponto de vista dos automatismos do subconsciente, uma vez que o elétrico que atropelou as vitimas vinha em sentido contrário ao do taxi das vitimas).
Não existem passadeiras assinaladas, e deveriam existir, com alarme de aproximação.
Os passeios estreitos têm obstruções de postes, abrigos-paragens, paineis publicitários e muretes de canteiros de árvores.
Acrescem nesta zona os riscos das vias de tráfego automóvel.
Não existem, e deveriam existir, zonas de paragem de taxis.
Não parece correto contentarmo-nos com a justificação de "indisciplina dos peões".
Há tambem deficiencias infraestruturais.
A ilustrar a necessidade de uma campanha de sensibilização para utilização das passagens aéreas nesta zona junto um fotograma da reportagem televisiva no local do atropelamento, a cerca de 200m da passagem aérea de Santos sobre a via férrea,, em que se vê uma jovem a saltar a rede de proteção do caminho de ferro depois de atravessar as vias.
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