Igualmente é interessante a reação dos meios de comunicação social.
Rapidamente foi recordado o filme "O enviado da Manchuria", que divulgou o conceito de "lavagem ao cérebro", para explicar o comportamento emocional e excessivo nas lamentações públicas.
Na verdade, tudo indica que o cérebro humano é suscetível de criar ou de ser levado a criar ídolos e normas de comportamento de cumprimento imperioso.
Assim se desenvolvem religiões e ideologias, muitas vezes com graves deformações relativamente aos ideais originais.
Marx, por exemplo, e esta devo-a a Cristopher Hitchins, cujo falecimento foi recentemente noticiado, nunca disse que a religião é o ópio do povo. Disse sim que a religião é o suspiro dos oprimidos.
O culto da personalidade, a entrega do poder a um grupo restrito de profissionais da politica será provavelmente uma degenerescencia tipo tumoral do ideal primitivo que defendia a participação coletiva.
A capacidade do cérebro humano de criar ídolos e mitos explicará assim essas degenerescencias.
Por outro lado, a insistencia numa visão de superioridade relativamente a comportamentos como o das populações da Coreia do Norte transmitidos pela televisão, atribuindo fenómenos meteorológicos à intenção da natureza em chorar a morte do dirigente, ou contemplando em extase, sob um nevão, essas lamentações da natureza, em nada ajudam um diálogo consistente entre culturas diferentes.
Porque o que estará em causa é a compreensão e a divulgação do funcionamento do cérebro de seres vivos com o mesmissimo código genético e a necessidade de estudar estes fenómenos de criação de mitos.
As pessoas que ouviram religiosamente o arcebispo do Haiti explicar que o terramoto aconteceu porque o povo se tinha comportado indevidamente ou o padre Malagrida sobre as causas do terramoto de 1755 acreditaram firmemente no que lhes disseram.
Assim como as pessoas que no milagre de Fátima viram o sol a rodopiar excitaram as mesmas zonas do cortex cerebral que as pessoas que na Coreia do Norte assistiram à natureza a chorar a morte do dirigente.
Conheci um soldado americano a quem apresentei argumentos contra a guerra do Iraque.
Foi uns anos antes de Obama. Impossível trocar argumentos. Apenas que os USA tinham de defender os seus interesses (o mesmo argumento unico de Hitler relativamente à Alemanha e aos paises que se via forçada a ocupar).
Parecerá portanto que o diálogo exige, antes de se conseguir chegar à troca de argumentos e à modificação das posições de partida com base na nova informação contida nos argumentos, que se compreenda como o cérebro funciona e como ele se deixa enganar pelas construções virtuais que ele próprio cria.
Será depois importante comparar as regras de ouro (ética da reciprocidade - ver
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Golden_Rule ) das culturas em presença.
Golden rule, por Norman Rockwell |
E passar depois à argumentação, com exposição até ao fim e provas de que foi compreendido (eis porque citei a não citação do ópio do povo).
Apesar dos interesses geo-estratégicos, da luta pelo petróleo, dos grandes negócios internacionais com mais ou menos off-shores, etc, etc.
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