sábado, 17 de dezembro de 2011

Um problema de transportes maritimos

A principal empresa brasileira de extração de minério de ferro tinha um problema.
O preço dos fretes estava a aumentar de forma incomportável.
Feitas as contas, se a empresa encomendasse a estaleiros sul-coreanos a construção de 19 supercargueiros, com capacidade da ordem de 400 mil toneladas de minério, muito superior à dos cargueiros normais (o rendimento do transporte maritimo aumenta com a dimensão do navio), os lucros marginais gerados superariam o investimento.
E assim fizeram.
O problema é que a China, um dos principais importadores de minério de ferro brasileiro, não autorizou a acostagem de navios com a capacidade dos supercargueiros para não afetar os armadores chineses (oficialmente a desculpa é de que não há cais para navios tão grandes).
Depois, o preço dos fretes  baixou 3,5 vezes (não é saudável uma baixa destas porque o preço não reflete o custo de produção e da cobertura de riscos).
Finalmente, o casco do navio almirante abriu fendas (vale que já tem casco duplo, de acordo com as novas regras) quando estava a ser carregado.
http://economia.ig.com.br/vale-so-sabera-o-que-causou-rachadura-em-supercargueiro-em-2012/n1597411094790.html

Conclusão: a empresa vai vender a sua frota de supercargueiros a preço inferior ao custo e vai voltar a encomendar fretes às empresas de transporte maritimo. E a organização internacional maritima vai rever as normas de segurança dos cargueiros.

Serve este exemplo para mostrar os riscos da inovação e da insuficiencia dos testes antes da colocação em serviço.
Assunto relacionado com a segurança nos transportes, essencial quando se tomam decisões, quer se trate de navios, aviões, metropolitanos ou pontes rodoviárias (o dinheiro gasto em testes é menos do que o valor dos riscos possíveis).

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