terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Rosalia de Castro - Galiza, ficas sem homens que possam cortar teu pão

Rosalia de Castro, poetisa galega da segunda metade do século XIX.
Denunciou na sua poesia as condições deficientes da organização da comunidade, que obrigavam os galegos a emigrar principalmente para a América de lingua castelhana. 
Numa época em que não havia automóveis nem viagens aéreas low-cost.
E no entanto, por razões de código genético, a angustia da separação é a mesma.
Como dizem os italianos, partire é morire un po.
Mesmo que se morra de cada vez que o avião parta.
Todas as formas de expressão são legítimas para comentar o que acontece.



Cantar da emigração  (Pra Habana)
                     de Rosalia de Castro


Este vaise y aquél vaise,          
e todos, todos se van;
Galícia, sin homes quedas
que te poidan traballar,
Tés, en cambio,orfos e orfas
e campos de soledad,
e pais que non teñen fillos
e fillos que non ten pais.
E tés corazóns que sufren
longas ausencias mortás,
viudas de vivos e mortos
que ninguén consolará. 

Este parte, aquele parte 
e todos, todos se vão.
Galiza, ficas sem homens
que possam cortar teu pão

Tens em troca orfãos e orfãs
e campos de solidão
e mães que não têm filhos
filhos que não têm pais.

Corações que tens e sofrem
longas horas mortais
viúvas de vivos-mortos
que ninguém consolará




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