segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Arvo Part, compositor estónio e o seu Miserere





Procurei no youtube o Miserere de Arvo Part, compositor estónio, e só encontrei este.
Não liguem às imagens, que foram tiradas do Ivan o Terrivel de Eisenstein, filmado muitos anos antes da musica ter sido composta.
Arvo Part compõe predominantemente musica religiosa, num estilo considerado minimalista com ligação aos cantos religiosos do século XV, conforme retirei de:
http://en.wikipedia.org/wiki/Arvo_P%C3%A4rt
Foi recentemente convidado para integrar o conselho para a cultura do Vaticano.
Penso que a sua música será de fácil adesão nos momentos mais tranquilos, associados à ideia de espiritualidade (até ao instante 5:40 neste vídeo, por exemplo), ou nos momentos mais vistosos, associados aos aspetos dramáticos (depois do instante 5:40).
O Miserere foi escolhido pelo realizador Nino Moreti de "Habemus papam" para acompanhar as imagens finais da renuncia do papa eleito, por se sentir impotente para as tarefas pensadas.
O Miserere de Arvo Part poderá ser assim a metáfora da incapacidade ou do não aproveitamento das pessoas para os objetivos de bem comum que desejamos.
Curiosamente, foi recentemente nomeado membro do referido conselho da cultura do Vaticano o português José Tolentino de Mendonça, que, em entrevista ao DN, a propósito das relações entre a religião, a cultura e a ciencia teve esta frase importante:
"Determinar a fronteira e o conteúdo do bem comum nem sempre é muito claro, as não se pode desistir disso".
Este blogue, limitado no alcance das suas compreensões dos sistemas físicos em que nos integramos, diria que essa fronteira será provavelmente a linha divisória que atribuiu às ideias de Melo Antunes, a linha flutuante entre o setor público e o setor privado.
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/04/as-pedras-furadas-ou-breves-reflexoes.html
E também vem à memória deste blogue, sempre que assiste à atração centripeta pela Europa dos paises bálticos, o drama da cristianização forçada do ultimo povo báltico pagão no século XIV pelos cavaleiros teutões.
Sem que o blogue tenha a intenção de separar as pessoas, claro.
As guerras passadas devem ser fonte de união e não de divisão, por revelarem como tão vítimas são os vencidos como os vencedores, e como a natureza humana em certos momentos do processo histórico corresponde ao "miserere", esperando-se naturalmente que essa condição seja ultrapassada no devir histórico, que para isso a humanidade já dispõe de tecnologia.

Sem comentários:

Enviar um comentário