quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mais um defice colossal, desta vez no 2ºsemestre de 2011

Com a devida vénia ao DN, ao dinheirovivo.pt e a Antonio Peres Metelo, resumo as contas do seu artigo:




Temos assim que, no 1º semestre de 2011, para alem das despesas extraordinárias não previstas no orçamento, apareceram ainda 900 milhões de euros de despesas ordinárias (relativas ao funcionamento normal das instituições publicas, linha 8).
E no 2º semestre de 2011, a acreditar nas declarações do senhor primeiro ministro de 4 de dezembro de que houve um "excedente" de 2000 milhões de euros, temos que apareceram 2650 milhões de euros de despesas ordinárias não previstas (linha 19).
Isto é, no período de responsabilidade do novo governo, com todos os cortes de gorduras anunciados e com todo o escrutínio das contas com e sem troica, as despesas ordinárias não previstas cresceram, de um semestre para o outro, quase 200%.
Evidentemente que os especialistas de "marketing" explicarão que o dinheiro está a ser canalizado para antecipar o pagamento de dívidas ou para pagar dívidas em atraso (e os 78000 milhões de euros do memorando com a troica eram para...?) e que um ignorante de economia como eu não pode ter a pretensão de perceber como estas coisas funcionam.
Porém, se eu apresentasse em casa umas contas para pagar com esta imprecisão de um semestre para o outro, como reagiria a minha mulher?
E se, colocando outra hipótese, se o gestor de conta do meu banco me anunciasse no fim de um semestre que eu teria de pagar uma divida muito maior do que a que me tinha anunciado no semestre anterior, como avaliaria eu a competencia técnica contabilistica desse gestor? Ou admitiria antes que ele esteve a ocultar-me informação? E se sim, que confiança poderia eu ter nele? é que ele estava a gerir o meu dinheiro, era eu o dono do ativo (como qualquer um de nós, como cidadão, é o dono dos dinheiros publicos, não os ministros, pelo que não é admissivel a ocultação de informação nem erros de previsão tão grandes - se as declarações do senhor primeiro ministro de 4 de dezembro correspondem à verdade, claro).
É evidente que, nesta história toda, os donos dos ativos (os eleitores) gostariam de saber quem são os credores, para quem e para que setores de atividade estão sendo canalizados os empréstimos da troica, qual a sua componente produtiva, por que setores de distribui a divida, que dinheiro entra no país e que dinheiro sai, isto é, gostariam que fosse feita uma auditoria às dividas.
Que é assim que fazem quando as contas de casa correm mal.
Mas não estou seguro de que os contabilistas que detêm o poder queiram fazer isso.

Ficheiro Excel em:


PS em 14 de dezembro de 2011 - O senhor secretário de estado da administração pública, Helder Rosalino, veio esclarecer que no orçamento de 2011 apenas se inscreverão, como receitas extraordinárias, 55% dos 6000 milhões de euros do fundo de pensões da banca, a saber, 3300 milhões de euros. 
Isto é, está esclarecida a função dos restantes 45%, os 2650 milhões de euros da linha 19 do quadro (a menos de 50 milhões...) . São o veneno do presente envenenado para os orçamentos de 2012 e seguintes, para ir tapando a despesa do pagamento das pensões dos bancários.
Consegue-se assim um defice orçamental de 4,5% do PIB para 2011, em vez dos 5,9% da troica.
Porém, ouvidos alguns senhores economistas mais cotados na praça económica do que este humilde escriba, registe-se o que dizem:
Silva Lopes: "...vamos ficar a pagar as pensões. É um defice artificial..."
João Loureiro: "... é um artificio contabilistico..."
Miguel Beleza: "...esta receita é fictícia, é uma aldrabice.Todos os governos fazem isto..."
Ora, se os sábios e os ignorantes dizem o mesmo, é porque é mesmo assim. Se um contabilista que trabalhasse para mim me apresentasse estas contas, eu mudava de contabilista.







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