Senhores governantes responsáveis pela cultura pública, estais de parabens.
Tinheis uma despesa a suprimir e fizestes mais do que suprimi-la.
Eliminastes a necessidade da despesa.
Para isso deixastes as ervas daninhas da televisão, desde as telenovelas e concursos aos reality-shows, crescerem até afogarem a necessidade de espetáculos culturais.
Já não é preciso ópera.
Parafraseando o senhor deputado: Que sabeis vós de ópera e de cultura para decidirdes assim?
Num orçamento de cultura já de si insignificante, deveis ter poupado muito, sim senhor.
Eu bem dizia que a ópera é um espetáculo popular e subversivo, que o diga John Adams a explicar que entre um palestiniano e um judeu não há diferenças de código genético, ou Verdi a explicar que não se apedreja a mulher adúltera, ou Nuno Corte Real a denunciar o gangsterismo bancário.
Então manda-se recado às produtoras de ópera que tinham sido contratadas há quase dois anos (é, é um mercado em que os contratos se fazem com grande antecedencia) e diz-se que só há espetáculo se fizerem um desconto.
Que terão pensado as produtoras?
E as cláusulas de indemnização por rescisão, terão acionado? (os adjudicatários do TGV para o Caia e para a travessia do Tejo irão acionar as cláusulas? ).
Nesta apagada e vil tristeza assim continuaremos, agora sem ópera.
Consta que ainda deixam apresentar uma das 5 óperas previstas para 2012: Cosi fan tutte, de Mozart. Traduzindo: assim fazem todas. Lá está, uma ópera subversiva para a moral dominante: duas jovens mulheres a flirtar enquanto os noivos não chegam.
E se subvertessemos as coisas e fizessemos como em New York? Subscrições publicas para a produção dos espetáculos, publicidade e venda dos direitos de transmissão.
Ou então, concurso público para concessão do teatro de S.Carlos, talvez ao teatro de Madrid ou de Milão.
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