O presidente Obama criticou os europeus por hesitarem no caso da Grécia.
O presidente Zé Manel Barroso respondeu em francês fluente que os europeus sabem resolver os seus problemas e propôs a taxação das transações financeiras.
Eis como afinal estão de acordo. A EU hesita em taxar as transações financeiras, e não devia hesitar.
Receiam as off-shores?
Não receiem, comecem por corrigir a politica de impostos da Holanda para empresas estrangeiras.
E especialmente entendam o que Obama quis dizer. Quando a California entrou em incumprimento, a reserva federal atuou, sem perder tempo a discutir se a California perdia ou ganhava soberania. É por isso que Obama tem autoridade para criticar o que estão fazendo à Grécia, a Portugal e à Irlanda.
Este blogue ostentará o cabeçalho negro, em solidariedade com os gregos, enquanto não for compreendida a mensagem de Obama (não me pareceu preguiçosa, nem inútil, nem mentirosa, nem responsável pela dívida do país, a senhora grega que respondia a uma entrevistadora da televisão, dizendo que ganhava agora 500 euros, metade do que ganhava, e que assim não conseguia viver com dignidade; 500 euros é menos do que o preço de venda de um tablet android).
Por alguma vez este blogue havia de aplaudir Obama e, no caso das transações financeiras, o presidente Zé Manel.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Por uma vez, este blogue apoia o presidente Obama e Zé Manel Barroso
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As pontes do IP3
Não sou engenheiro civil, mas tinha no meu gabinete uma caricatura de um cartonista português de cujo nome não me recordo, representando um discipulo de Vitruvius aplicando numa ponte romana da Lusitania uma pedra com a inscrição: ano 50 da era de Cesar, próxima inspeção no ano 2050.
As pontes romanas mantém-se, com a sua proa virada a montante e as juntas entre pedras com cal vulcânica.
Infelizmente as novas tecnologias cegam os utilizadores, e as grandes obras de betão armado começam a revelar as suas fragilidades quando comparadas com as velhas tecnologias romanas.
O caso das pontes do IP3 indicia uma vida util inferior a 40 anos
Salvo melhor opinião, não é admissivel.
É no entanto necessário:
- a monitorização dos parâmetros da obra ao longo do ano
- inspeções após 5 anos de vida
- intervenções de manutenção de 10 em 10 anos.
Tem-se assim que uma obra não é só o custo do investimento, mas tambem o da sua manutenção , entre 2 e 5% do investimento por ano ao longo da sua vida util (pelo menos 100 anos, tomando-se em atenção que a ponte Hintze Ribeiro caiu aos 112 anos).
O parágrafo anterior traduz a necessidade de considerar o LCC (life cycle cost) na análise das propostas de fornecimento, para além da qualidade da prestação. Mesmo sem contar com as amortizações, a manutenção de uma obra pode custar mais do dobro do seu investimento.
O cancro do betão de que se fala a propósito dos pilares e das fundações das pontes do IP3 condenadas tem outro nome: carbonatação. Ocorre quando o CO2 penetra nos poros do betão, originando a transformação em carbonato de cálcio, desagregando e fissurando o betão, enquanto a humidade estimula a reação eletroquimica entre pontos diferentes da armadura de aço corroendo-a (isto é, formam-se pilhas no interior do betão, funcionando a humidade como eletrólito) e a exposição ao oxigénio aumenta a produção de ferrugem com aumento de volume, fissurando ainda mais o betão. O risco de colapso consiste então na corrosão da armadura, responsável pela resistencia à tração. Recordo que aos 7 anos de vida da ponte Vasco da Gama os seus pilares tiveram de ser recobertos com betão porque as armaduras já estavam em contacto com o ar.
Embora existam fatores favoráveis à carbonatação como a elevada concentração de CO2, a eventual presença de cloretos na água e a eventual predisposição da composição quimica das britas e inertes usados no betão (falha nas análises na construção? fez-se investigação de algumas causas especiais para a concentração de CO2 e de cloretos ser tão elevada?), julgo de esclarecer a opinião publica sobre uma eventual utilização na construção, por razões de economia do construtor, de uma relação entre água e cimento superior ao recomendado pelas normas (o que explicaria a porosidade do betão).
Igualmente seria curial que o senhor secretário de estado, para alem de culpar o governo anterior, requisitasse e divulgasse a argumentação técnica que fundamenta a estimativa do LNEC de que a reparação dos pilares e fundações seria mais cara do que a construção de novas pontes (seria interessante que as firmas especializadas na reparação de betões divulgassem os seus argumentos, até porque, se se limitarem as obras de reparação de betão, dificulta-se o abaixamento dos respetivos preços por efeito de escala)
O edificio juridico que condiciona toda a atividade de construção de infra-estruturas de serviço público tem dificuldade em compreender isto e tudo o que não seja a adjudicação ao preço mais baixo.
Aliás foi dispensado o estudo de impacto ambiental para acelerar o começo da obra de uma das novas pontes ( e no entanto, desde as inspeções de 2009 que se decidiu lançar concursos públicos para novas pontes; ou continuam a existir obstáculos retardadores a corretas tomadas de decisão, ou contrariamente ao que se diz, não há gorduras nas empresas públicas, há falta de gente para decidir e executar as coisas que são necessárias; fácil prever o que acontecerá se continuarem os cortes).
Não sou engenheiro civil, mas tive a honra de trabalhar com colegas que asseguraram no metropolitano de Lisboa a execução das funções de inspeção e de reparação do betão dos túneis e dos viadutos através de contratação de firmas especializadas.
Assisti às dificuldades burocráticas, organizacionais e juridicas que tiveram de vencer, à inércia e aos obstáculos que a mentalidade então e agora dominante foi mantendo e levantando.
Assisti à cultura da imagem de quem de repente se punha em bicos dos pés e à frente da fotografia gritando que era preciso garantir a segurança, ignorando o trabalho anterior de técnicos honrados.
Assisti à intromissão de militantes de partidos politicos em lugares de decisão sem que para isso tivessem capacidade de gestão ou conhecimentos técnicos (duvido que seja aqui a mudança corretiva de modelo de gestão das empresas públicas referida pelo senhor ministro da economia em 24 de setembro de 2011 o programa prós e contras).
Assisti à relutancia efetiva e eficaz com que projetistas de estações rejeitaram propostas de simplificação de projetos para redução de custos de manutenção, e à dificuldade com que empreiteiros efetuaram correções "pós-venda" e entregaram a documentação necessária à manutenção.
Assisto agora com desgosto ao castigo de um colega cujo crime foi violar um principio juridico, num contexto de indefinição organizacional e disfunção hierárquica, ao prolongar o ambito de um contrato de reparação da fissuração do betão do tunel entre o km 0 e o km 0,9 até ao km 1,7 .
Entre a decisão de reparar aquele troço de tunel e a execução da reparação decorreram 9 anos (admiraram-se quando escrevi dificuldades burocráticas, organizacionais e juridicas?). Em 9 anos apenas se conseguiram reparar dois viadutos e o troço de tunel junto das obras do tunel rodoviário do Marquês de Pombal, apesar de todo o túnel mais antigo ter sido objeto de inspeção pormenorizada.
Lamento estar a propor aumento da despesa pública, mas os troços mais antigos do tunel do metropolitano de Lisboa têm 52 anos de vida e deverão durar mais do que 100.
Por tudo isto, não me surpreende que a vida util das pontes do IP3 seja inferior a 40 anos.
Estas coisas deviam ser debatidas mais abertamente, com corpos técnicos mais autonomizados e com mais argumentos técnicos do que é costume fazer-se no nosso país (não me refiro ao prós e contras, até porque as primeiras noticias sobre a degradação das pontes são de 2009, refiro-me à falta de mecanismos coletivos de tomada de decisões, como costumo fazer quando cito a Sabedoria das Multidões, de James Surowiecki)).
Salvo melhor opinião, claro.
As pontes romanas mantém-se, com a sua proa virada a montante e as juntas entre pedras com cal vulcânica.
Infelizmente as novas tecnologias cegam os utilizadores, e as grandes obras de betão armado começam a revelar as suas fragilidades quando comparadas com as velhas tecnologias romanas.
O caso das pontes do IP3 indicia uma vida util inferior a 40 anos
Salvo melhor opinião, não é admissivel.
É no entanto necessário:
- a monitorização dos parâmetros da obra ao longo do ano
- inspeções após 5 anos de vida
- intervenções de manutenção de 10 em 10 anos.
Tem-se assim que uma obra não é só o custo do investimento, mas tambem o da sua manutenção , entre 2 e 5% do investimento por ano ao longo da sua vida util (pelo menos 100 anos, tomando-se em atenção que a ponte Hintze Ribeiro caiu aos 112 anos).
O parágrafo anterior traduz a necessidade de considerar o LCC (life cycle cost) na análise das propostas de fornecimento, para além da qualidade da prestação. Mesmo sem contar com as amortizações, a manutenção de uma obra pode custar mais do dobro do seu investimento.
O cancro do betão de que se fala a propósito dos pilares e das fundações das pontes do IP3 condenadas tem outro nome: carbonatação. Ocorre quando o CO2 penetra nos poros do betão, originando a transformação em carbonato de cálcio, desagregando e fissurando o betão, enquanto a humidade estimula a reação eletroquimica entre pontos diferentes da armadura de aço corroendo-a (isto é, formam-se pilhas no interior do betão, funcionando a humidade como eletrólito) e a exposição ao oxigénio aumenta a produção de ferrugem com aumento de volume, fissurando ainda mais o betão. O risco de colapso consiste então na corrosão da armadura, responsável pela resistencia à tração. Recordo que aos 7 anos de vida da ponte Vasco da Gama os seus pilares tiveram de ser recobertos com betão porque as armaduras já estavam em contacto com o ar.
Embora existam fatores favoráveis à carbonatação como a elevada concentração de CO2, a eventual presença de cloretos na água e a eventual predisposição da composição quimica das britas e inertes usados no betão (falha nas análises na construção? fez-se investigação de algumas causas especiais para a concentração de CO2 e de cloretos ser tão elevada?), julgo de esclarecer a opinião publica sobre uma eventual utilização na construção, por razões de economia do construtor, de uma relação entre água e cimento superior ao recomendado pelas normas (o que explicaria a porosidade do betão).
Igualmente seria curial que o senhor secretário de estado, para alem de culpar o governo anterior, requisitasse e divulgasse a argumentação técnica que fundamenta a estimativa do LNEC de que a reparação dos pilares e fundações seria mais cara do que a construção de novas pontes (seria interessante que as firmas especializadas na reparação de betões divulgassem os seus argumentos, até porque, se se limitarem as obras de reparação de betão, dificulta-se o abaixamento dos respetivos preços por efeito de escala)
O edificio juridico que condiciona toda a atividade de construção de infra-estruturas de serviço público tem dificuldade em compreender isto e tudo o que não seja a adjudicação ao preço mais baixo.
Aliás foi dispensado o estudo de impacto ambiental para acelerar o começo da obra de uma das novas pontes ( e no entanto, desde as inspeções de 2009 que se decidiu lançar concursos públicos para novas pontes; ou continuam a existir obstáculos retardadores a corretas tomadas de decisão, ou contrariamente ao que se diz, não há gorduras nas empresas públicas, há falta de gente para decidir e executar as coisas que são necessárias; fácil prever o que acontecerá se continuarem os cortes).
Não sou engenheiro civil, mas tive a honra de trabalhar com colegas que asseguraram no metropolitano de Lisboa a execução das funções de inspeção e de reparação do betão dos túneis e dos viadutos através de contratação de firmas especializadas.
Assisti às dificuldades burocráticas, organizacionais e juridicas que tiveram de vencer, à inércia e aos obstáculos que a mentalidade então e agora dominante foi mantendo e levantando.
Assisti à cultura da imagem de quem de repente se punha em bicos dos pés e à frente da fotografia gritando que era preciso garantir a segurança, ignorando o trabalho anterior de técnicos honrados.
Assisti à intromissão de militantes de partidos politicos em lugares de decisão sem que para isso tivessem capacidade de gestão ou conhecimentos técnicos (duvido que seja aqui a mudança corretiva de modelo de gestão das empresas públicas referida pelo senhor ministro da economia em 24 de setembro de 2011 o programa prós e contras).
Assisti à relutancia efetiva e eficaz com que projetistas de estações rejeitaram propostas de simplificação de projetos para redução de custos de manutenção, e à dificuldade com que empreiteiros efetuaram correções "pós-venda" e entregaram a documentação necessária à manutenção.
Assisto agora com desgosto ao castigo de um colega cujo crime foi violar um principio juridico, num contexto de indefinição organizacional e disfunção hierárquica, ao prolongar o ambito de um contrato de reparação da fissuração do betão do tunel entre o km 0 e o km 0,9 até ao km 1,7 .
Entre a decisão de reparar aquele troço de tunel e a execução da reparação decorreram 9 anos (admiraram-se quando escrevi dificuldades burocráticas, organizacionais e juridicas?). Em 9 anos apenas se conseguiram reparar dois viadutos e o troço de tunel junto das obras do tunel rodoviário do Marquês de Pombal, apesar de todo o túnel mais antigo ter sido objeto de inspeção pormenorizada.
Lamento estar a propor aumento da despesa pública, mas os troços mais antigos do tunel do metropolitano de Lisboa têm 52 anos de vida e deverão durar mais do que 100.
Por tudo isto, não me surpreende que a vida util das pontes do IP3 seja inferior a 40 anos.
Estas coisas deviam ser debatidas mais abertamente, com corpos técnicos mais autonomizados e com mais argumentos técnicos do que é costume fazer-se no nosso país (não me refiro ao prós e contras, até porque as primeiras noticias sobre a degradação das pontes são de 2009, refiro-me à falta de mecanismos coletivos de tomada de decisões, como costumo fazer quando cito a Sabedoria das Multidões, de James Surowiecki)).
Salvo melhor opinião, claro.
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Arte cinética, anónima, pública e efémera
Um exemplo de arte anónima, pública e efémera. Arte cinética.
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Sugestão
Facto 1 - O DN noticiou que o total de depósitos de particulares em Portugal é cerca de 127 mil milhões de euros com uma taxa de crescimento mensal de mil milhões de euros
Facto 2 - O senhor primeiro ministro informou que espera uma receita de 7 mil milhões de euros com a privatização das participações do Estado em várias empresas
Hipótese 1 - 20% dos depositantes detêm 80% do valor dos depósitos
Hipótese 2 - Os restantes 80% de depositantes estariam dispostos a utilizar metade dos seus depósitos, isto é, 10% do valor total, ou 12,7 mil milhões de euros, para adquirir as ações em venda
Sugestão unica - Doação das ações pelo Estado aos interessados que por subscrição pública (era assim no tempo da bancarrota de 1892, compravam-se couraçados por subscrição pública) transferissem o dinheiro para o Estado (imagino a argumentação juridica contra isto e os rasgões das vestes dos burocratas de Bruxelas).
Facto 2 - O senhor primeiro ministro informou que espera uma receita de 7 mil milhões de euros com a privatização das participações do Estado em várias empresas
Hipótese 1 - 20% dos depositantes detêm 80% do valor dos depósitos
Hipótese 2 - Os restantes 80% de depositantes estariam dispostos a utilizar metade dos seus depósitos, isto é, 10% do valor total, ou 12,7 mil milhões de euros, para adquirir as ações em venda
Sugestão unica - Doação das ações pelo Estado aos interessados que por subscrição pública (era assim no tempo da bancarrota de 1892, compravam-se couraçados por subscrição pública) transferissem o dinheiro para o Estado (imagino a argumentação juridica contra isto e os rasgões das vestes dos burocratas de Bruxelas).
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domingo, 25 de setembro de 2011
O problema das idades e do emprego
Com a devida vénia à secção matemática do Publico
Beneficiando da nova legislação, o empregador especificou no anuncio para um bom emprego, mas temporário, que queria candidatos com boa formação matemática e com idades compreendidas entre 16 e 65 anos.
Selecionou 3 candidatos com idades cujo produto era 51.000 e perguntou a cada um deles qual a soma das idades, pedindo que justificassem a resposta.
Todos os candidatos responderam que não tinham elementos para darem a resposta certa porque havia pelo menos 2 combinações de idades possíveis.
Porém, com base nestes novos dados, passou a ser possível determinar a soma das idades, que é o que se pede ao leitor.
Pretende-se com este enigma tentar estabelecer uma analogia com a matemática das regras eleitorais, mais precisamente com o carater de neutralidade de uma votação - a forma como alguem vota não deve influenciar o voto de outrem.
No caso do enigma, a forma como cada um responde condicionaria a resposta dos outros, dando-lhe a solução que estava anteriormente inacessivel.
Também pode estabelecer-se a analogia com as sondagens ponderadas com o histórico das votações duma dada população. Os técnicos das sondagens prevêem melhor do que os próprios indecisos em quem estes vão votar.
O facto é que o leitor, se quiser, pode determinar a soma das idades dos 3 candidatos, coisa que nenhum dos candidatos podia fazer antes de ter dado a resposta certa ao empregador.
Outro facto é que a matemática eleitoral é uma disciplina complicada, com a agravante de já ter sido demonstrada a impossibilidade de uma regra eleitoral ideal que preenchesse todos os requisitos éticos. O que não ajuda a melhorar a prática democrática, dada a aversão à matemática de tantos cidadãos e cidadãs (não é só cá, veja-se como falhou em Inglaterra a introdução do voto preferencial) e a falta de tempo e disposição de uma pessoa para analisar a demonstração dos teoremas eleitorais. E favorece a pequenez dos chefes politicos que dizem que só podem governar se tiverem a maioria absoluta. São uns absolutistas que até querem alterar o sistema proporcional para fabricarem maiorias.
Não tem o leitor paciencia para determinar a soma das idades dos 3 candidatos?
Então veja a solução em
https://skydrive.live.com/?cid=95ca2795d8cd20fd#!/view.aspx?cid=95CA2795D8CD20FD&resid=95CA2795D8CD20FD%21999
, com o meu pedido de que pense bem sobre a ameaça que paira sobre o voto proporcional, que permite a representação das minorias nos orgãos executivos.
Beneficiando da nova legislação, o empregador especificou no anuncio para um bom emprego, mas temporário, que queria candidatos com boa formação matemática e com idades compreendidas entre 16 e 65 anos.
Selecionou 3 candidatos com idades cujo produto era 51.000 e perguntou a cada um deles qual a soma das idades, pedindo que justificassem a resposta.
Todos os candidatos responderam que não tinham elementos para darem a resposta certa porque havia pelo menos 2 combinações de idades possíveis.
Porém, com base nestes novos dados, passou a ser possível determinar a soma das idades, que é o que se pede ao leitor.
Pretende-se com este enigma tentar estabelecer uma analogia com a matemática das regras eleitorais, mais precisamente com o carater de neutralidade de uma votação - a forma como alguem vota não deve influenciar o voto de outrem.
No caso do enigma, a forma como cada um responde condicionaria a resposta dos outros, dando-lhe a solução que estava anteriormente inacessivel.
Também pode estabelecer-se a analogia com as sondagens ponderadas com o histórico das votações duma dada população. Os técnicos das sondagens prevêem melhor do que os próprios indecisos em quem estes vão votar.
O facto é que o leitor, se quiser, pode determinar a soma das idades dos 3 candidatos, coisa que nenhum dos candidatos podia fazer antes de ter dado a resposta certa ao empregador.
Outro facto é que a matemática eleitoral é uma disciplina complicada, com a agravante de já ter sido demonstrada a impossibilidade de uma regra eleitoral ideal que preenchesse todos os requisitos éticos. O que não ajuda a melhorar a prática democrática, dada a aversão à matemática de tantos cidadãos e cidadãs (não é só cá, veja-se como falhou em Inglaterra a introdução do voto preferencial) e a falta de tempo e disposição de uma pessoa para analisar a demonstração dos teoremas eleitorais. E favorece a pequenez dos chefes politicos que dizem que só podem governar se tiverem a maioria absoluta. São uns absolutistas que até querem alterar o sistema proporcional para fabricarem maiorias.
Não tem o leitor paciencia para determinar a soma das idades dos 3 candidatos?
Então veja a solução em
https://skydrive.live.com/?cid=95ca2795d8cd20fd#!/view.aspx?cid=95CA2795D8CD20FD&resid=95CA2795D8CD20FD%21999
, com o meu pedido de que pense bem sobre a ameaça que paira sobre o voto proporcional, que permite a representação das minorias nos orgãos executivos.
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sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Energia fotovoltaica
Apesar da diminuição do custo das centrais fotovoltaicas, continua a não ser competitivo o seu preço do kWh.
Desde que não se considere o beneficio devido a menores emissões de CO2.
Por exemplo, a Inglaterra inaugurou as suas primeiras centrais fotovoltaicas, fornecidas pela Isolux Corsan, com 15 MW de pico. Custo: 40 milhões de euros (2.700€/kWp). Admitindo 1000 horas anuais e 15 anos de vida util, temos 15 milhões de kWh/ano e 225 milhões de kWh durante a vida util. Ou 18 centimos por kWh sem amortizações. Trata-se de um preço elevado quando comparado com a produção a partir do gás natural, carvão ou nuclear, mas é inevitável a subida do preço da energia.
Contando com o beneficio das menores emissões, temos uma poupança de cerca de 0,3 kgCO2 por kWh, o que, para 14€/tonCO2, dará a insignificancia de 0,5 centimos por kWh.
Não será esta a fundamentação económica para adotar a energia fotovoltaica, mas sim o beneficio de evitar os prejuizos climáticos.
O que é um argumento a que os senhores economistas dão pouca importancia.
É uma pena, ter de esperar que o preço da energia obtida a partir dos combustiveis fósseis continue a aumentar para usar energia "limpa".
Mas não seria mau, tentar desenvolver a energia fotovoltaica em Portugal. Seria um bem transacionável, exportável, embora duvide que o ministério da economia esteja a pensar nisso.
Desde que não se considere o beneficio devido a menores emissões de CO2.
Por exemplo, a Inglaterra inaugurou as suas primeiras centrais fotovoltaicas, fornecidas pela Isolux Corsan, com 15 MW de pico. Custo: 40 milhões de euros (2.700€/kWp). Admitindo 1000 horas anuais e 15 anos de vida util, temos 15 milhões de kWh/ano e 225 milhões de kWh durante a vida util. Ou 18 centimos por kWh sem amortizações. Trata-se de um preço elevado quando comparado com a produção a partir do gás natural, carvão ou nuclear, mas é inevitável a subida do preço da energia.
Contando com o beneficio das menores emissões, temos uma poupança de cerca de 0,3 kgCO2 por kWh, o que, para 14€/tonCO2, dará a insignificancia de 0,5 centimos por kWh.
Não será esta a fundamentação económica para adotar a energia fotovoltaica, mas sim o beneficio de evitar os prejuizos climáticos.
O que é um argumento a que os senhores economistas dão pouca importancia.
É uma pena, ter de esperar que o preço da energia obtida a partir dos combustiveis fósseis continue a aumentar para usar energia "limpa".
Mas não seria mau, tentar desenvolver a energia fotovoltaica em Portugal. Seria um bem transacionável, exportável, embora duvide que o ministério da economia esteja a pensar nisso.
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"What is good for General Motors is good for the country"
A GM acordou com o sindicato United Auto Workers as condições de rescisão de 10.000 dos seus trabalhadores : indemnização individual de 53.000 euros para os mais qualificados e de 7.000 para os menos qualificados.
Substituição dos trabalhadores por novo pessoal com salários inferiores, de 11 euros por hora.
Contrapartida para o sindicato: criação de alguns empregos.
Poupança anual estimada: 40.000 euros por cada trabalhador substituido.
Será bom para a GM, mas será bom para o país?
É que sempre me ensinaram que o pessoal era o principal ativo das empresas e a GM vai substituir trabalhadores qualificados por outros menos qualificados. A própria automatização, reduzindo o numero de trabalhadores, exige maior qualificação.
Conhece-se o sucesso da industrialização chinesa, mas também a baixa qualidade da maior parte dos seus produtos.
A competitividade de uma fábrica de automóveis termina onde a qualidade dos seus produtos baixa, os preços baixos são uma ilusão.
Entretanto, a Ford aumenta as vendas e a Chrysler tambem, devido á tecnologia multi-air da Fiat.
Terá Medina Carreira razão, os USA entraram em franco processo de decadencia industrial, pelo menos da parte da GM, e aquela não se combate reduzindo os salários (ou estarão à espera de novos subsídios se as coisas se agravarem?).
Mundo cão, o dos negócios.
Substituição dos trabalhadores por novo pessoal com salários inferiores, de 11 euros por hora.
Contrapartida para o sindicato: criação de alguns empregos.
Poupança anual estimada: 40.000 euros por cada trabalhador substituido.
Será bom para a GM, mas será bom para o país?
É que sempre me ensinaram que o pessoal era o principal ativo das empresas e a GM vai substituir trabalhadores qualificados por outros menos qualificados. A própria automatização, reduzindo o numero de trabalhadores, exige maior qualificação.
Conhece-se o sucesso da industrialização chinesa, mas também a baixa qualidade da maior parte dos seus produtos.
A competitividade de uma fábrica de automóveis termina onde a qualidade dos seus produtos baixa, os preços baixos são uma ilusão.
Entretanto, a Ford aumenta as vendas e a Chrysler tambem, devido á tecnologia multi-air da Fiat.
Terá Medina Carreira razão, os USA entraram em franco processo de decadencia industrial, pelo menos da parte da GM, e aquela não se combate reduzindo os salários (ou estarão à espera de novos subsídios se as coisas se agravarem?).
Mundo cão, o dos negócios.
Viagem à Grécia
Não é o testemunho de uma viagem à Grécia de hoje.
Já passaram 5 anos desde que a visitámos.
Não vi carros de luxo nas ruas de Atenas, nem vi edifícios novos sumptuosos.
Não vi linhas de metro com estações sibaríticas nem o porto do Pireu com infra-estruturas supérfluas.
O novo aeroporto que vi tinha movimento compatível com a sua grandeza.
Lamentei não existir uma linha ferroviária de ligação ao centro de Atenas.
O transporte entre as ilhas, quer por via aérea, quer marítima, pareceu-me eficiente e ajustado.
Era abril e os hoteis estavam cheios.
No meio da ilha de Mykonos, em ambiente rural, a capela antiga estava aberta e habitada, coisa rara em Portugal, pelo que pude admirá-la ("no photos" disse o pope, interrompendo a leitura da bíblia, enquanto a mulher assentia com a cabeça e rodava o terço circular).
No café da Ana, foi a Ana, vestida como se estivesse em Londres, que nos atendeu e falava inglês muito melhor do que eu. Estranhei que a sanduiche de peru fumado, embalada em vácuo, fosse Turkey made, não por causa do trocadilho, mas porque deveria haver perus e fábricas de processamento na Grécia.
No dia seguinte, depois da visita à ilha de Delos (pronuncia-se Dilos), a sede da confederação grega cinco séculos antes de Cristo, dissolvida porque o govero de Atenas não quis repartir a sua riqueza com os outros estados federados, jantámos numa esplanada à beira do Egeu.
A moça que nos atendeu encetou uma conversa com a minha mulher sobre as calças que uma e outra vestiam.
Lembrei-me dessa conversa quando no Algarve, noutra conversa, um pai contente me contou que tinha conseguido empregar o filho no bar de um campo de golfe, porque no secundário não conseguia fazer a matemática, o português e o inglês.
Sabe-se agora que o governo mascarava as contas, mas ao turista despreocupado nada parecia antecipar esta crise.
Vieram entretanto os jornais explicar que os gregos eram uns oportunistas que trabalhavam pouco e sem produtividade, com pensões elevadas e uma idade de reforma baixa.
E então lembrei-me dum filme triste, talvez dos mais tristes que vi, com Marcelo Mastroiani, a fazer de caixeiro viajante que todos os anos fazia uma viagem por todo o mundo rural grego para recolher o mel dos apicultores (ver: http://cineclubeybitukatu.blogspot.com/2010/03/0603-o-apicultor-theo-angelopoulos-1986.html).
Das primeiras imagens bucólicas se passou progressivamente para as imagens de degradação e desertificação do mundo rural com modos de transporte ineficientes, até à morte do caixeiro viajante de exaustão e improdutividade.
Talvez esteja aqui a chave: a degradação da agricultura, a desindustrialização que levou a importar as sanduiches turcas, a cegueira da viragem para o setor terciário com a ilusão de que basta ter turismo de qualidade.
Não, não basta, é um fator recorrente, em todos os paises em crise a percentagem de população dedicada ao setor terciário é exagerada (o senhor economista Vitor Bento costuma dizer isto de forma mais correta, a saber que o país deve desenvolver o setor de produção de bens transacionáveis, isto é, que podem vender-se ao estrangeiro ou substituir bens essenciais importados).
Donde, custa-me muito a aceitar que seja solução ir cortando, como o dono do cavalo cortava na ração, e que o esforço de reindustrialização de economias pequenas seja suficiente para compensar a crise internacional (se a California não consegue...).
Caimos assim nas alternativas de Luciano Amaral, nenhuma delas agradável
(ver: http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/05/madame-butterfly-e-situacao-financeira.html).
Vamos então ter menos rendimentos, aumentar a tal de produtividade, perder soberania.
Mas ao menos vamos perceber que na origem desta insustentabildade está a ganancia e a especulação dos grandes grupos económicos? Não quer dizer que se consiga acabar com isto, mas ao menos perceber.
Por exemplo, que não pode uma loja com 250 m2, no Chiado, ser alugada por 20.000 euros por mês (terei ouvido bem?), nem uma moradia na quinta do Lago ser vendida por 24 milhões de euros (terei ouvido bem?).
É que não é saudável, nem sustentável, embora possa parecer que estes negócios trazem mais valias. Trazem, mas são efémeras.
Estas coisas evitavam-se com a tal de regulação, mas parece que também não funciona por razões intrínsecas do sistema económico-politico em vigor.
É capaz de ter razão , o senhor ministro da Economia, é preciso mudar de modelo.
Mas a dúvida é grande, que o novo modelo do senhor ministro também funcione.
Donde, resta a nostalgia da viagem às ilhas gregas.
Já passaram 5 anos desde que a visitámos.
Não vi carros de luxo nas ruas de Atenas, nem vi edifícios novos sumptuosos.
Não vi linhas de metro com estações sibaríticas nem o porto do Pireu com infra-estruturas supérfluas.
O novo aeroporto que vi tinha movimento compatível com a sua grandeza.
Lamentei não existir uma linha ferroviária de ligação ao centro de Atenas.
O transporte entre as ilhas, quer por via aérea, quer marítima, pareceu-me eficiente e ajustado.
Era abril e os hoteis estavam cheios.
No meio da ilha de Mykonos, em ambiente rural, a capela antiga estava aberta e habitada, coisa rara em Portugal, pelo que pude admirá-la ("no photos" disse o pope, interrompendo a leitura da bíblia, enquanto a mulher assentia com a cabeça e rodava o terço circular).
No café da Ana, foi a Ana, vestida como se estivesse em Londres, que nos atendeu e falava inglês muito melhor do que eu. Estranhei que a sanduiche de peru fumado, embalada em vácuo, fosse Turkey made, não por causa do trocadilho, mas porque deveria haver perus e fábricas de processamento na Grécia.
No dia seguinte, depois da visita à ilha de Delos (pronuncia-se Dilos), a sede da confederação grega cinco séculos antes de Cristo, dissolvida porque o govero de Atenas não quis repartir a sua riqueza com os outros estados federados, jantámos numa esplanada à beira do Egeu.
A moça que nos atendeu encetou uma conversa com a minha mulher sobre as calças que uma e outra vestiam.
Lembrei-me dessa conversa quando no Algarve, noutra conversa, um pai contente me contou que tinha conseguido empregar o filho no bar de um campo de golfe, porque no secundário não conseguia fazer a matemática, o português e o inglês.
Sabe-se agora que o governo mascarava as contas, mas ao turista despreocupado nada parecia antecipar esta crise.
Vieram entretanto os jornais explicar que os gregos eram uns oportunistas que trabalhavam pouco e sem produtividade, com pensões elevadas e uma idade de reforma baixa.
E então lembrei-me dum filme triste, talvez dos mais tristes que vi, com Marcelo Mastroiani, a fazer de caixeiro viajante que todos os anos fazia uma viagem por todo o mundo rural grego para recolher o mel dos apicultores (ver: http://cineclubeybitukatu.blogspot.com/2010/03/0603-o-apicultor-theo-angelopoulos-1986.html).
Das primeiras imagens bucólicas se passou progressivamente para as imagens de degradação e desertificação do mundo rural com modos de transporte ineficientes, até à morte do caixeiro viajante de exaustão e improdutividade.
Talvez esteja aqui a chave: a degradação da agricultura, a desindustrialização que levou a importar as sanduiches turcas, a cegueira da viragem para o setor terciário com a ilusão de que basta ter turismo de qualidade.
Não, não basta, é um fator recorrente, em todos os paises em crise a percentagem de população dedicada ao setor terciário é exagerada (o senhor economista Vitor Bento costuma dizer isto de forma mais correta, a saber que o país deve desenvolver o setor de produção de bens transacionáveis, isto é, que podem vender-se ao estrangeiro ou substituir bens essenciais importados).
Donde, custa-me muito a aceitar que seja solução ir cortando, como o dono do cavalo cortava na ração, e que o esforço de reindustrialização de economias pequenas seja suficiente para compensar a crise internacional (se a California não consegue...).
Caimos assim nas alternativas de Luciano Amaral, nenhuma delas agradável
(ver: http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/05/madame-butterfly-e-situacao-financeira.html).
Vamos então ter menos rendimentos, aumentar a tal de produtividade, perder soberania.
Mas ao menos vamos perceber que na origem desta insustentabildade está a ganancia e a especulação dos grandes grupos económicos? Não quer dizer que se consiga acabar com isto, mas ao menos perceber.
Por exemplo, que não pode uma loja com 250 m2, no Chiado, ser alugada por 20.000 euros por mês (terei ouvido bem?), nem uma moradia na quinta do Lago ser vendida por 24 milhões de euros (terei ouvido bem?).
É que não é saudável, nem sustentável, embora possa parecer que estes negócios trazem mais valias. Trazem, mas são efémeras.
Estas coisas evitavam-se com a tal de regulação, mas parece que também não funciona por razões intrínsecas do sistema económico-politico em vigor.
É capaz de ter razão , o senhor ministro da Economia, é preciso mudar de modelo.
Mas a dúvida é grande, que o novo modelo do senhor ministro também funcione.
Donde, resta a nostalgia da viagem às ilhas gregas.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
A Eletrobras e a EDP
A Eletrobras insiste, aparentemente ao contrário do que poderia esperar-se, desmerecer querendo comprar.
Diz que quer comprar a parte do estado português na EDP e fazer parte do conselho de administração porque a EDP é a maior empresa de eólicas na peninsula ibérica e está presente com eólicas nos USA.
Afinal parece que as eólicas são uma mais valia, apesar da posição oficial do partido no poder ser contra.
Donde se conclui que é uma má opção privatizar a participação pública, mas enfim, ganharam as eleições e podem vender os aneis que quiserem.
Sugestão: manter a participação pública e aumentar o capital correspondendo às novas ações que permitam à Eletrobras participar no conselho de administração.
Diz que quer comprar a parte do estado português na EDP e fazer parte do conselho de administração porque a EDP é a maior empresa de eólicas na peninsula ibérica e está presente com eólicas nos USA.
Afinal parece que as eólicas são uma mais valia, apesar da posição oficial do partido no poder ser contra.
Donde se conclui que é uma má opção privatizar a participação pública, mas enfim, ganharam as eleições e podem vender os aneis que quiserem.
Sugestão: manter a participação pública e aumentar o capital correspondendo às novas ações que permitam à Eletrobras participar no conselho de administração.
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Juiz desembargador Orlando dos Santos Nascimento
Não conheço o senhor juiz Orlando dos Santos Nascimento, mas sei do DN que era chefe da Inspeção Geral da Administração Local (IGAL) e que escreveu uma carta ao senhor ministro Miguel Relvas protestando pela próxima extinção ou fusão da IGAL com a Inspeção geral de finanças, afirmando que a extinção da IGAL apenas significa que a corrupção ganhou.
E que a IGAL em três anos lutou para que "o dinheiro público não circulasse apenas no mesmo círculo de interesses e entidades ... que comem tudo e não deixam nada".
Sou muito sensível a citações de José Afonso.
Aplaudo portanto o senhor juiz Orlando, imediatamente demitido pelo senhor ministro por falta de "lealdade institucional", seguindo-se o desligar informático do site da IGAL.
Cortes cegos é no que podem dar, cortar onde não se deve, até porque a gestão do exonerado tinha cortado despesas ao longo de três anos.
Fiz uma pequena pesquisa na Net e aproveito para citar declarações do senhor juiz Orlando em fevereiro de 2010:
E que a IGAL em três anos lutou para que "o dinheiro público não circulasse apenas no mesmo círculo de interesses e entidades ... que comem tudo e não deixam nada".
Sou muito sensível a citações de José Afonso.
Aplaudo portanto o senhor juiz Orlando, imediatamente demitido pelo senhor ministro por falta de "lealdade institucional", seguindo-se o desligar informático do site da IGAL.
Cortes cegos é no que podem dar, cortar onde não se deve, até porque a gestão do exonerado tinha cortado despesas ao longo de três anos.
Fiz uma pequena pesquisa na Net e aproveito para citar declarações do senhor juiz Orlando em fevereiro de 2010:
“Tudo o que é ilícito administrativo, criminal, urbanístico, tem a ver com um conjunto de funcionários que estão na parte pública e que estão na parte privada, que utilizam o vencimento da parte pública, como uma pensão, mas também recebem da privada. Nesta terra de ninguém é que as coisas maioritariamente acontecem”.
“Este é um fenómeno tipicamente português e tipicamente da administração pública ... deveria fazer-se a equiparação ao que se passa no sector privado, onde não há esta veleidade de ter vários empregos, porque ninguém tem o dom da ubiquidade”.
O presidente Obama não quer o estado da Palestina
A resolução da ONU que previa 2 estados, o de Israel e o da Palestina, data de 1948.
Mas o presidente Obama continua a achar que ainda não há condições para o estado palestiniano.
Em nome da rapariga palestiniana que vi numa reportagem a ter de dar satisfações a um soldado israelita num posto de controle - a rapariga trabalhava de um dos lados e morava no outro, caminhava com ar orgulhoso e com os cabelos soltos - lamento profundamente esta manifestação de falta de solidariedade de Obama.
Apesar de já ter dito que não tinha sido eleito para fazer o jogo dos especuladores de Wall Street, a realidade é que neste caso não conseguiu escapar ao poder do partido de Wall Street e do partido dos lobbies.
A resolução é muito clara: dois estados com as fronteiras definidas em 1948, com a ONU como garante da paz.
120 estados reconheceram a Palestina.
Obama acha que estão enganados.
É por isso que muitas vezes se ouve um americano dizer :"não compreendo porque não gostam de nós".
Não há nada de anti-americanismo ou anti-israelita nisto.
Já Benjamin Franklin, embaixador em França dos USA recem criados, lamentava que em Washington soubessem mais do que ele da revolução francesa.
Tal como o embaixador dos USA em Angola em 1975.
Ford e Kissinger, longe do contacto com a realidade angolana, ignoraram as recomendações do embaixador para reconhecimento do MPLA. Seguiu-se a guerra civil.
As informações são processadas pela Casa Branca, criando um modelo da realidade, naturalmente dela afastado, e depois transmitido pelo presidente à nação e ao mundo, como se fosse ele a realidade.
Trat-se de um mecanismo já muito estudado, mas insiste-se neste modelo.
É uma pena, especialmente neste contexto de endividamento crescente dos USA, a sua desindustrialização, a sua balança de pagamentos deficitária e os seus gastos exagerados com as guerras em que se mete.
Pena não dar ouvidos aos 120 países.
Mas o presidente Obama continua a achar que ainda não há condições para o estado palestiniano.
Em nome da rapariga palestiniana que vi numa reportagem a ter de dar satisfações a um soldado israelita num posto de controle - a rapariga trabalhava de um dos lados e morava no outro, caminhava com ar orgulhoso e com os cabelos soltos - lamento profundamente esta manifestação de falta de solidariedade de Obama.
Apesar de já ter dito que não tinha sido eleito para fazer o jogo dos especuladores de Wall Street, a realidade é que neste caso não conseguiu escapar ao poder do partido de Wall Street e do partido dos lobbies.
A resolução é muito clara: dois estados com as fronteiras definidas em 1948, com a ONU como garante da paz.
120 estados reconheceram a Palestina.
Obama acha que estão enganados.
É por isso que muitas vezes se ouve um americano dizer :"não compreendo porque não gostam de nós".
Não há nada de anti-americanismo ou anti-israelita nisto.
Já Benjamin Franklin, embaixador em França dos USA recem criados, lamentava que em Washington soubessem mais do que ele da revolução francesa.
Tal como o embaixador dos USA em Angola em 1975.
Ford e Kissinger, longe do contacto com a realidade angolana, ignoraram as recomendações do embaixador para reconhecimento do MPLA. Seguiu-se a guerra civil.
As informações são processadas pela Casa Branca, criando um modelo da realidade, naturalmente dela afastado, e depois transmitido pelo presidente à nação e ao mundo, como se fosse ele a realidade.
Trat-se de um mecanismo já muito estudado, mas insiste-se neste modelo.
É uma pena, especialmente neste contexto de endividamento crescente dos USA, a sua desindustrialização, a sua balança de pagamentos deficitária e os seus gastos exagerados com as guerras em que se mete.
Pena não dar ouvidos aos 120 países.
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Atualização de uma anedota económica
Atualizo assim uma anedota económica que circulou por email há uns tempos.
1 - O senhor ministro da economia conseguiu um "break" da troica e voou para a Madeira com um cheque de mil milhões de euros para prolongar o molhe do porto do Funchal, aproveitando os aterros da cheia que empastelam o porto.
Explicou ao governo regional que não havia ainda a certeza de a troica autorizar o investimento daquele milhão no prolongamento do molhe, que contribuiria para o aumento das receitas do turismo de cruzeiros, especialmente dos ligados às Canárias e a Cabo Verde, e para estimular o desenvolvimento da industria no arquipélago, criando condições para a exportação e alterando o numero crítico de 80% da população dedicada aos serviços e apenas 6% à indústria.
Ele próprio não concordava porque as viagens da Madeira para o continente podiam passar a fazer-se de barco e ficariam mais baratas em termos de combustível.
Mas que, enquanto não viesse a resposta, podiam utilizar o cheque, que depois seria devolvido se não aplicado no molhe.
2 - o governo regional agradeceu muito e, assim que o senhor ministro da economia apanhou o avião, correu a pagar a dívida que tinha a dois ou três empreiteiros que lhe tinham feito os últimos furados (tuneis, em madeirense);
3 - os empreiteiros rebentaram de alegria e apressaram-se a liquidar a dívida que tinham aos bancos, ou a alguns banqueiros, não interessa agora ao caso;
4 - os banqueiros também regozijaram e enviaram um homem de confiança, que por telemóvel agora nunca se sabe, às agencias de acompanhantes que prestavam serviço aos viajantes de negócios e aos participantes nas obras, e que já não recebiam havia alguns anos, devido ao acumular da crise;
5 - como as gerentes das agencias eram senhoras sérias, não demoraram a pagar as dívidas que tinham aos hoteis onde prestavam serviços;
6 - e por maioria de razão no que toca a seriedade, os hoteis beneficiados com a liquidação da dívida resolveram finalmente devolver o dinheiro que o governo regional tinha empatado neles e na cadeia de restaurantes que complementava a oferta turistica, e enviaram o cheque ao governo regional
7 - foi quando o senhor ministro da economia recebeu a noticia de que a troica tinha pensado melhor, possivelmente porque os mercados do turismo francês e espanhol não gostaram da ideia das receitas do turismo madeirense e da industria do arquipélago crescerem, porque isso aumentava o valor em bolsa da Madeira, e tinha pedido o milhão de euros de volta.
E assim foi, a senhora super chefe de gabinete do senhor ministro enviou um email a pedir o cheque de volta e o governo regional devolveu-o.
Moral da história: não parece haver nenhuma semelhança com a realidade, mas considerando que o volume de moeda aumentou 5 vezes, que o PIB também cresceu com as mudanças de mão do cheque, e que ninguém foi prejudicado, antes pelo contrário, podia ser que fosse uma solução.
Anunciar-se um investimento de vulto, pôr-se o dinheiro a circular, suspender sine die o empreendimento e recolher o dinheiro depois de uma volta benfazeja.
Podia ser que fosse, uma solução, não sei, que não sou economista.
1 - O senhor ministro da economia conseguiu um "break" da troica e voou para a Madeira com um cheque de mil milhões de euros para prolongar o molhe do porto do Funchal, aproveitando os aterros da cheia que empastelam o porto.
Explicou ao governo regional que não havia ainda a certeza de a troica autorizar o investimento daquele milhão no prolongamento do molhe, que contribuiria para o aumento das receitas do turismo de cruzeiros, especialmente dos ligados às Canárias e a Cabo Verde, e para estimular o desenvolvimento da industria no arquipélago, criando condições para a exportação e alterando o numero crítico de 80% da população dedicada aos serviços e apenas 6% à indústria.
Ele próprio não concordava porque as viagens da Madeira para o continente podiam passar a fazer-se de barco e ficariam mais baratas em termos de combustível.
Mas que, enquanto não viesse a resposta, podiam utilizar o cheque, que depois seria devolvido se não aplicado no molhe.
2 - o governo regional agradeceu muito e, assim que o senhor ministro da economia apanhou o avião, correu a pagar a dívida que tinha a dois ou três empreiteiros que lhe tinham feito os últimos furados (tuneis, em madeirense);
3 - os empreiteiros rebentaram de alegria e apressaram-se a liquidar a dívida que tinham aos bancos, ou a alguns banqueiros, não interessa agora ao caso;
4 - os banqueiros também regozijaram e enviaram um homem de confiança, que por telemóvel agora nunca se sabe, às agencias de acompanhantes que prestavam serviço aos viajantes de negócios e aos participantes nas obras, e que já não recebiam havia alguns anos, devido ao acumular da crise;
5 - como as gerentes das agencias eram senhoras sérias, não demoraram a pagar as dívidas que tinham aos hoteis onde prestavam serviços;
6 - e por maioria de razão no que toca a seriedade, os hoteis beneficiados com a liquidação da dívida resolveram finalmente devolver o dinheiro que o governo regional tinha empatado neles e na cadeia de restaurantes que complementava a oferta turistica, e enviaram o cheque ao governo regional
7 - foi quando o senhor ministro da economia recebeu a noticia de que a troica tinha pensado melhor, possivelmente porque os mercados do turismo francês e espanhol não gostaram da ideia das receitas do turismo madeirense e da industria do arquipélago crescerem, porque isso aumentava o valor em bolsa da Madeira, e tinha pedido o milhão de euros de volta.
E assim foi, a senhora super chefe de gabinete do senhor ministro enviou um email a pedir o cheque de volta e o governo regional devolveu-o.
Moral da história: não parece haver nenhuma semelhança com a realidade, mas considerando que o volume de moeda aumentou 5 vezes, que o PIB também cresceu com as mudanças de mão do cheque, e que ninguém foi prejudicado, antes pelo contrário, podia ser que fosse uma solução.
Anunciar-se um investimento de vulto, pôr-se o dinheiro a circular, suspender sine die o empreendimento e recolher o dinheiro depois de uma volta benfazeja.
Podia ser que fosse, uma solução, não sei, que não sou economista.
"Felizes os bois que estão nos currais, são tão felizes, os animais"
"Felizes os bois que estão nos currais,
são tão felizes, os animais".
Lembrei-me destes versos.
Faziam parte de uma ingénua canção de protesto, no princípio dos anos 70.
O seu autor usava uns óculos graduados de lentes muito grossas, mas não era por isso que sorriamos, era porque a canção era mesmo ingénua e pobres os acordes rasgueados com que ele castigava a viola.
O que não tirava o mérito ao autor, sempre ameaçado pela policia politica da altura, nos espetáculos em que participávamos (eu não cantava, só servia de motorista, num velho Taunus 12m de tração dianteira).
Assim como assim, alguma coisa contribuiram as canções de protesto para o 25 de Abril.
Lembrei-me dos versos agora, quando leio no jornal a frase cheia de bucolismo do senhor presidente da República:
"Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitissimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante".
Embora me pareça uma interpretação demasiado à escala humana do comportamento das vacas, e próxima das melhores frases de Américo Tomás e Garrastazu Medici, talvez pensando bem me esclareça a dúvida que me costuma ficar quando passo pela auto-estrada do sul e vejo as vacas a ruminar, olhando para o horizonte das planícies alentejanas: em que pensarão elas durante todo aquele tempo?
De modo que me vieram à ideia aqueles versos longínquos, "felizes os bois..."
Também me veio à ideia a revalorização do escudo em 1978, quando era ministro das finanças o atual senhor presidente da República.
Seis meses depois o escudo voltava a desvalorizar, com a explicação de que a revalorização tinha dificultado as exportações.
Lições práticas de economia... como aliás deve ser interpretado o comentário das vacas satisfeitissimas.
É essencial a autonomia em bens agrícolas e alimentares, como quer que seja o contexto e mesmo que quem a defende agora não a tenha defendido antes e continue a não considerar a opinião de quem sempre a defendeu.
são tão felizes, os animais".
Lembrei-me destes versos.
Faziam parte de uma ingénua canção de protesto, no princípio dos anos 70.
O seu autor usava uns óculos graduados de lentes muito grossas, mas não era por isso que sorriamos, era porque a canção era mesmo ingénua e pobres os acordes rasgueados com que ele castigava a viola.
O que não tirava o mérito ao autor, sempre ameaçado pela policia politica da altura, nos espetáculos em que participávamos (eu não cantava, só servia de motorista, num velho Taunus 12m de tração dianteira).
Assim como assim, alguma coisa contribuiram as canções de protesto para o 25 de Abril.
Lembrei-me dos versos agora, quando leio no jornal a frase cheia de bucolismo do senhor presidente da República:
"Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitissimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante".
Embora me pareça uma interpretação demasiado à escala humana do comportamento das vacas, e próxima das melhores frases de Américo Tomás e Garrastazu Medici, talvez pensando bem me esclareça a dúvida que me costuma ficar quando passo pela auto-estrada do sul e vejo as vacas a ruminar, olhando para o horizonte das planícies alentejanas: em que pensarão elas durante todo aquele tempo?
De modo que me vieram à ideia aqueles versos longínquos, "felizes os bois..."
Também me veio à ideia a revalorização do escudo em 1978, quando era ministro das finanças o atual senhor presidente da República.
Seis meses depois o escudo voltava a desvalorizar, com a explicação de que a revalorização tinha dificultado as exportações.
Lições práticas de economia... como aliás deve ser interpretado o comentário das vacas satisfeitissimas.
É essencial a autonomia em bens agrícolas e alimentares, como quer que seja o contexto e mesmo que quem a defende agora não a tenha defendido antes e continue a não considerar a opinião de quem sempre a defendeu.
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quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Elogio aos legumes e saladas de vegetais
Depois da ode à cebola, de Pablo Neruda:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=cebola
e de um poema da salada, encontrado no blogue "Flipper" do Brasil:
"Viva o alface,o agrião,as hortaliças!
As cenouras!
Os palmitos!
As diliças!
Viva as beterrabas, o rabanetes, os nabos!
Os brotos, os pepinos, os quiabos!
Viva todos os brócolis e cenouras!
Todas as belezas saladeiras!
As endívias!
As couves-de-bruxelas!
As rúculas e ervas benzedeiras!
Magnífico aspargo!
E os nabos e nabiças, especialmente os nabos e as nabiças!
Como é lindo o sabor de todos eles e todas elas!"
de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa, do Guardador de rebanhos:
No meu prato que mistura de Natureza!
http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=cebola
e de um poema da salada, encontrado no blogue "Flipper" do Brasil:
"Viva o alface,o agrião,as hortaliças!
As cenouras!
Os palmitos!
As diliças!
Viva as beterrabas, o rabanetes, os nabos!
Os brotos, os pepinos, os quiabos!
Viva todos os brócolis e cenouras!
Todas as belezas saladeiras!
As endívias!
As couves-de-bruxelas!
As rúculas e ervas benzedeiras!
Magnífico aspargo!
E os nabos e nabiças, especialmente os nabos e as nabiças!
Como é lindo o sabor de todos eles e todas elas!"
de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa, do Guardador de rebanhos:
No meu prato que mistura de Natureza!
As minhas irmãs as plantas,
As companheiras das fontes, as santas
A quem ninguém reza...
E cortam-nas e vêm à nossa mesa
E nos hotéis os hóspedes ruidosos,
Que chegam com correias tendo mantas
Pedem «Salada», descuidosos...,
Sem pensar que exigem à Terra-Mãe
A sua frescura e os seus filhos primeiros,
As primeiras verdes palavras que ela tem,
as primeiras cousas vivas e irisantes
Que Noé viu
Quando as águas desceram e o cimo dos montes
Verde e alagado surgiu
E no ar por onde a pomba apareceu
O arco-íris se esbateu...
Declarações sobre o TGV em 20SET2011
Vou fazer algumas citações a propósito das declarações no dia 20SET2011 do senhor primeiro ministro e do seu ministro da Economia.
1 - "... mais do que dinheiro, precisamos de criar os incentivos e as condições necessárias para que as pessoas se fixem e permaneçam nas regiões".
2 - "... se houve alguma coisa que aproveitámos bem com a injeção milionária de fundos europeus foi a construção de infra-estruturas".
3 - "... as alterações climáticas são, sem dúvida nenhuma, um dos maiores desafios que a humanidade e a vida na terra irão enfrentar nas próximas décadas".
4 - "... economicamente, nós precisamos de mais Espanha, não de menos. Fingir o contrário é uma hipocrisia sem limites e uma ilusão sem sentido".
As citações supra estão incluidas no livro de Alvaro Santos Pereira, "Os mitos da economia portuguesa", copyright de 2007.
Não será um caso de colisão entre as criticas anteriores à nomeação como ministro e a prática ministerial, como as propostas de implosão do senhor ministro da educação que deram na continuidade do fecho de escolas, mas mesmo assim anote-se, com as mesmas referencias:
1 - uma infra-estrutura como o TGV, com paragem em Évora (o que reduz o nível de prestação na ligação Lisboa-Madrid, mas que se justifica como incentivo ao desenvolvimento do Alentejo) preenche os requisitos da sentença: é um incentivo mais valioso do que a exploração deficitária que possa vir a ter no futuro;
2 - embora a construção de auto-estradas tenha sido um exagero (não esquecer que muitas das estradas que foram contornadas pelas auto-estradas não permitiam velocidades médias superiores a 50 km/h e contribuiam gravosamente para a sinistralidade rodoviária) é curioso ler esta observação a contra-corrente do discurso habitual do atual governo; na verdade, a construção de uma rede ferroviária como infra-estrutura de ligação entre todas as regiões europeias e a transferencia do transporte rodoviário e aéreo para o ferroviário são diretrizes firmes da UE e seria bom que um governo de um país periférico não quisesse pôr em causa essas diretrizes;
3 - o que justifica a construção de uma linha de TGV para um percurso de 600 km que tem um tráfego diário de cerca de 2000 passageiros por avião não é o balanço económico, é a análise de custos-benefícios que contabiliza a redução das emissões de CO2 por a exploração do TGV ser mais eficiente energeticametne do que a via aérea; manter a situação atual com a "ponte aérea" Lisboa-Madrid é claramente estar a contribuir para o agravamento das alterações climáticas; esperar-se-ia assim entusiasmo da parte do senhor ministro como defensor do TGV;
4 - eu sugiro ao senhor primeiro-ministro e ao seu ministro da economia que se levantem um dia destes mais cedo do que de costume e vão a Santa Apolónia ou à gare do Oriente ver a partida para o Porto do Alfa um pouco antes das 7 da manhã e vejam o movimento de pessoas que vão tratar da sua vida, não propriamente fazer turismo, e mesmo que fizessem turismo também estavam a fazer economia; é que a economia dos transportes não é só mercadorias, é também passageiros, e até os petulantes passageiros que só vão ao Porto de avião (que desperdicio energético, gastar a energia para subir e iniciar a descida antes de atingir o teto de cruzeiro) escolheriam o comboio se a viagem durasse um pouco mais de 1 hora entre centros; falo nisto só para concordar com o senhor ministro, precisamos de mais Porto e de mais Espanha, e isso não é só mercadorias, cuja linha, aliás, já estava prevista no plano da RAVE, como se pode ver no site da RAVE, por mais que o senhor secretário de estado, com o ar zangado dos decisores inseguros, diga que não. Aliás, se consultar o site da RAVE,
http://www.refer.pt/MenuPrincipal/TransporteFerroviario/AltaVelocidade/Estudos/Listagemdeestudos/tabid/686/id/170/Default.aspx
pode ver no estudo de viabilidade validado pela UE que lá estavam previstas as mercadorias, concretamente 1,5 milhões de toneladas no ano 2020 (evidentemente que se concorda com a "pressão" sobre o ministério espanhol para ligar a linha em bitola europeia à Europa, mas competirá a Espanha e a França decidir se por Irun se pelos Pirineus centrais, se pela costa mediterranica).
Parafraseando o senhor ministro, fingir que não precisamos do TGV "é uma ilusão sem sentido".
Já as afirmações do senhor ministro sobre a linha de mercadorias ou mista passageiros-mercadorias de "alta prestação" em vez de "alta velocidade" (toda a gente concorda que a bitola deve ser a europeia, mas como não é económico por razões de manutenção ter comboios de mercadorias, de peso por eixo maior e de caracteristicas de velocidade diferente com implicações na escala das curvas, na mesma via do TGV, projetram-se os dois pares de vias lado a lado na mesma plataforma), e as do senhor primeiro ministro garantindo que afinal não se vai fazer via unica (o que seria obviamente um disparate) mas vai-se em linha 4 vezes mais barata até 250 km/h sem ser TGV, porque o TGV seria deficitário por m ais fundos comunitários que nos oferecessem (deve ser influencia madeirense, o continente europeu não tem que dizer aos valentes periféricos o que devem fazer, mesmo que entre com fundos) merecem um comentário duro, salvo melhor opinião.
Que é o de que não se devem fazer afirmações para cuja fundamentação não se tem formação ou, tendo-a, não são apresentados os cálculos e os argumentos sustentadores.
Pela maneira como fala, provavelmente o senhor primeiro ministro não leu o estudo de viabilidade e, quando diz que o TGV vai ser deficitário, não entrará em linha de conta com os benefícios indiretos ou intangíveis decorrentes da mobilidade acrescida, desde o aumento previsivel da população na região de Évora (aumento de receitas de impostos), ao valor do tempo economizado, das toneladas de CO2 poupadas, do gás natural e petróleo poupados na produção de energia na queima do combustível dos aviões, ao fator induzido de crescimento da economia.
Talvez que se os beneficios da mobilidade e escoamento de mercadorias tivessem sido contabilizados na análise dos emprestimos de Fontes Pereira de Melo não se andasse para aí a dizer que foi dinheiro mal gasto (saberão esses críticos que era mais rápido ir de Lisboa a Bilbau de barco do que de Lisboa a Bragança por terra, antes do comboio?).
Talvez, que a dureza das cabeças das pessoas e a sua capacidade de se auto-convencerem por mais cálculos em sentido contrário que se lhes apresente, são muito grandes.
Enfim, aguardemos o anunciado Plano estrategico de transportes até ao final de Setembro (de 2011?).
Finalmente, uma curiosidade. Vejam preços de viagens em TGV em França em:
http://tgv.tgv-europe.com/en/?prex=acq_sem_def_29_sea_ww_en_gen_gen_def_0&ectrans=1
1 - "... mais do que dinheiro, precisamos de criar os incentivos e as condições necessárias para que as pessoas se fixem e permaneçam nas regiões".
2 - "... se houve alguma coisa que aproveitámos bem com a injeção milionária de fundos europeus foi a construção de infra-estruturas".
3 - "... as alterações climáticas são, sem dúvida nenhuma, um dos maiores desafios que a humanidade e a vida na terra irão enfrentar nas próximas décadas".
4 - "... economicamente, nós precisamos de mais Espanha, não de menos. Fingir o contrário é uma hipocrisia sem limites e uma ilusão sem sentido".
As citações supra estão incluidas no livro de Alvaro Santos Pereira, "Os mitos da economia portuguesa", copyright de 2007.
Não será um caso de colisão entre as criticas anteriores à nomeação como ministro e a prática ministerial, como as propostas de implosão do senhor ministro da educação que deram na continuidade do fecho de escolas, mas mesmo assim anote-se, com as mesmas referencias:
1 - uma infra-estrutura como o TGV, com paragem em Évora (o que reduz o nível de prestação na ligação Lisboa-Madrid, mas que se justifica como incentivo ao desenvolvimento do Alentejo) preenche os requisitos da sentença: é um incentivo mais valioso do que a exploração deficitária que possa vir a ter no futuro;
2 - embora a construção de auto-estradas tenha sido um exagero (não esquecer que muitas das estradas que foram contornadas pelas auto-estradas não permitiam velocidades médias superiores a 50 km/h e contribuiam gravosamente para a sinistralidade rodoviária) é curioso ler esta observação a contra-corrente do discurso habitual do atual governo; na verdade, a construção de uma rede ferroviária como infra-estrutura de ligação entre todas as regiões europeias e a transferencia do transporte rodoviário e aéreo para o ferroviário são diretrizes firmes da UE e seria bom que um governo de um país periférico não quisesse pôr em causa essas diretrizes;
3 - o que justifica a construção de uma linha de TGV para um percurso de 600 km que tem um tráfego diário de cerca de 2000 passageiros por avião não é o balanço económico, é a análise de custos-benefícios que contabiliza a redução das emissões de CO2 por a exploração do TGV ser mais eficiente energeticametne do que a via aérea; manter a situação atual com a "ponte aérea" Lisboa-Madrid é claramente estar a contribuir para o agravamento das alterações climáticas; esperar-se-ia assim entusiasmo da parte do senhor ministro como defensor do TGV;
4 - eu sugiro ao senhor primeiro-ministro e ao seu ministro da economia que se levantem um dia destes mais cedo do que de costume e vão a Santa Apolónia ou à gare do Oriente ver a partida para o Porto do Alfa um pouco antes das 7 da manhã e vejam o movimento de pessoas que vão tratar da sua vida, não propriamente fazer turismo, e mesmo que fizessem turismo também estavam a fazer economia; é que a economia dos transportes não é só mercadorias, é também passageiros, e até os petulantes passageiros que só vão ao Porto de avião (que desperdicio energético, gastar a energia para subir e iniciar a descida antes de atingir o teto de cruzeiro) escolheriam o comboio se a viagem durasse um pouco mais de 1 hora entre centros; falo nisto só para concordar com o senhor ministro, precisamos de mais Porto e de mais Espanha, e isso não é só mercadorias, cuja linha, aliás, já estava prevista no plano da RAVE, como se pode ver no site da RAVE, por mais que o senhor secretário de estado, com o ar zangado dos decisores inseguros, diga que não. Aliás, se consultar o site da RAVE,
http://www.refer.pt/MenuPrincipal/TransporteFerroviario/AltaVelocidade/Estudos/Listagemdeestudos/tabid/686/id/170/Default.aspx
pode ver no estudo de viabilidade validado pela UE que lá estavam previstas as mercadorias, concretamente 1,5 milhões de toneladas no ano 2020 (evidentemente que se concorda com a "pressão" sobre o ministério espanhol para ligar a linha em bitola europeia à Europa, mas competirá a Espanha e a França decidir se por Irun se pelos Pirineus centrais, se pela costa mediterranica).
Parafraseando o senhor ministro, fingir que não precisamos do TGV "é uma ilusão sem sentido".
Já as afirmações do senhor ministro sobre a linha de mercadorias ou mista passageiros-mercadorias de "alta prestação" em vez de "alta velocidade" (toda a gente concorda que a bitola deve ser a europeia, mas como não é económico por razões de manutenção ter comboios de mercadorias, de peso por eixo maior e de caracteristicas de velocidade diferente com implicações na escala das curvas, na mesma via do TGV, projetram-se os dois pares de vias lado a lado na mesma plataforma), e as do senhor primeiro ministro garantindo que afinal não se vai fazer via unica (o que seria obviamente um disparate) mas vai-se em linha 4 vezes mais barata até 250 km/h sem ser TGV, porque o TGV seria deficitário por m ais fundos comunitários que nos oferecessem (deve ser influencia madeirense, o continente europeu não tem que dizer aos valentes periféricos o que devem fazer, mesmo que entre com fundos) merecem um comentário duro, salvo melhor opinião.
Que é o de que não se devem fazer afirmações para cuja fundamentação não se tem formação ou, tendo-a, não são apresentados os cálculos e os argumentos sustentadores.
Pela maneira como fala, provavelmente o senhor primeiro ministro não leu o estudo de viabilidade e, quando diz que o TGV vai ser deficitário, não entrará em linha de conta com os benefícios indiretos ou intangíveis decorrentes da mobilidade acrescida, desde o aumento previsivel da população na região de Évora (aumento de receitas de impostos), ao valor do tempo economizado, das toneladas de CO2 poupadas, do gás natural e petróleo poupados na produção de energia na queima do combustível dos aviões, ao fator induzido de crescimento da economia.
Talvez que se os beneficios da mobilidade e escoamento de mercadorias tivessem sido contabilizados na análise dos emprestimos de Fontes Pereira de Melo não se andasse para aí a dizer que foi dinheiro mal gasto (saberão esses críticos que era mais rápido ir de Lisboa a Bilbau de barco do que de Lisboa a Bragança por terra, antes do comboio?).
Talvez, que a dureza das cabeças das pessoas e a sua capacidade de se auto-convencerem por mais cálculos em sentido contrário que se lhes apresente, são muito grandes.
Enfim, aguardemos o anunciado Plano estrategico de transportes até ao final de Setembro (de 2011?).
Finalmente, uma curiosidade. Vejam preços de viagens em TGV em França em:
http://tgv.tgv-europe.com/en/?prex=acq_sem_def_29_sea_ww_en_gen_gen_def_0&ectrans=1
terça-feira, 20 de setembro de 2011
A ilha das Flores
A ilha das Flores, 08º 37' S e 121º 08' W, assim chamada pelos navegadores portugueses do princípio do século XVI.
Cerca de 15.000 km2 , juntamente com as pequenas ilhas do arquipélago de Sonda, como a de Soror, a noroeste de Timor.
Desde o século XVII que portugueses e holandeses disputavam territórios em toda a região da Indonésia.
Por volta de 1850 os governos resolveram entender-se e enviaram os seus comissários ao local para definirem as fronteiras.
Em Portugal vivia-se o inicio da regeneração e conseguiram-se empréstimos junto do banco Barings (que veio a falir com a fraude de Singapura, em 1995), após um período de inacessibilidade, para a construção de estradas e caminhos de ferro (inauguração da linha Lisboa-Porto em 1867).
O salário de um trabalhador na construção do caminho de ferro era de 100 reis por dia (100 reis=0,05 centimos de euro), o salário de um professor era de 7.500 reis por mês e um litro de azeite custava 150 reis .
No meio da desindustrialização consequencia das invasões napoleónicas, das guerras liberais e das perdas no comércio com o Brasil, o PIB diminuia cerca de 2,2% por ano, a divida pública era próxima de 40% do PIB, a despesa pública era 5,5% e o defice orçamental 0,8% .
Em 1851 foram pagos os salários dos funcionários públicos em atraso havia 3 anos.
O comissário português nas negociações na região da Indonésia, Lopes de Lima, deve ter sofrido com a falta de comunicação com a capital, com a falta de dinheiro em Timor e com o risco dos holandeses usarem a força que era incontestavelmente superior (havia um navio português por ano entre Lisboa e Timor, enquanto os holandeses tinham dez navios).
E assim aceitou os termos de um tratado em que a ilha das Flores e a de Soror foram vendidas por 200.000 rupias ou 80 milhões de reis (80 contos=400 euros). Ao território de Timor Leste ocupado pelos portugueses foi acrescentado o reino Maubere, até então sob controle holandês.
Apesar das acusações de falta de patriotismo a Lopes de Lima, esquecendo-se o facto elementar daqueles territórios serem de direito dos seus habitantes originais, a venda de territórios coloniais era prática corrente, como o atestam a venda da Luisiana e do Alasca aos USA, e em 1778, a troca entre Portugal e Espanha da ilha de Fernando Pó e da costa da Guiné Equatorial por territórios ao sul do Brasil.
Na altura da bancarrota de 1892, em que os funcionários públicos viram os seus vencimentos reduzidos 20%, chegou a pensar-se em vender territórios em África, mas a ideia não vingou.
É esta a história da ilha das Flores, 08º 37' S e 121º 08' W, onde muitos habitantes se chamam Fernandes, Cunha ou Pereira.
Cerca de 15.000 km2 , juntamente com as pequenas ilhas do arquipélago de Sonda, como a de Soror, a noroeste de Timor.
Desde o século XVII que portugueses e holandeses disputavam territórios em toda a região da Indonésia.
Por volta de 1850 os governos resolveram entender-se e enviaram os seus comissários ao local para definirem as fronteiras.
Em Portugal vivia-se o inicio da regeneração e conseguiram-se empréstimos junto do banco Barings (que veio a falir com a fraude de Singapura, em 1995), após um período de inacessibilidade, para a construção de estradas e caminhos de ferro (inauguração da linha Lisboa-Porto em 1867).
O salário de um trabalhador na construção do caminho de ferro era de 100 reis por dia (100 reis=0,05 centimos de euro), o salário de um professor era de 7.500 reis por mês e um litro de azeite custava 150 reis .
No meio da desindustrialização consequencia das invasões napoleónicas, das guerras liberais e das perdas no comércio com o Brasil, o PIB diminuia cerca de 2,2% por ano, a divida pública era próxima de 40% do PIB, a despesa pública era 5,5% e o defice orçamental 0,8% .
Em 1851 foram pagos os salários dos funcionários públicos em atraso havia 3 anos.
O comissário português nas negociações na região da Indonésia, Lopes de Lima, deve ter sofrido com a falta de comunicação com a capital, com a falta de dinheiro em Timor e com o risco dos holandeses usarem a força que era incontestavelmente superior (havia um navio português por ano entre Lisboa e Timor, enquanto os holandeses tinham dez navios).
E assim aceitou os termos de um tratado em que a ilha das Flores e a de Soror foram vendidas por 200.000 rupias ou 80 milhões de reis (80 contos=400 euros). Ao território de Timor Leste ocupado pelos portugueses foi acrescentado o reino Maubere, até então sob controle holandês.
Apesar das acusações de falta de patriotismo a Lopes de Lima, esquecendo-se o facto elementar daqueles territórios serem de direito dos seus habitantes originais, a venda de territórios coloniais era prática corrente, como o atestam a venda da Luisiana e do Alasca aos USA, e em 1778, a troca entre Portugal e Espanha da ilha de Fernando Pó e da costa da Guiné Equatorial por territórios ao sul do Brasil.
Na altura da bancarrota de 1892, em que os funcionários públicos viram os seus vencimentos reduzidos 20%, chegou a pensar-se em vender territórios em África, mas a ideia não vingou.
É esta a história da ilha das Flores, 08º 37' S e 121º 08' W, onde muitos habitantes se chamam Fernandes, Cunha ou Pereira.
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Não em meu nome V - Medina Carreira
Ao ver uma entrevista de Medina Carreira na TVI, em 2011-09-19, lembrei-me do texto neste blogue em julho passado:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/07/nao-em-meu-nome-iv-privatizacoes_01.html
Medina Carreira diz, a propósito das privatizações, que alguem se passou, ainda antes da vinda da troica, quando se fez o programa de privatização de empresas quase monopolistas como a GALP, a EDP ou os CTT.
Que ao fim de 7 meses ter-se-ão dissipado em empréstimos os proveitos da venda.
E que os estrangeiros que vierem cá pôr o dinheiro quererão recuperá-lo com dividendos.
Estamos então de acordo.
As privatizações não serão feitas em meu nome, nem no de Medina Carreira.
Que também soube dizer que os cortes na saúde e na educação são a eito, porque cortes racionais exigem muito tempo.
Mas não gostei quando diz que ninguém quis saber quando ele lançou os alertas sobre a aproximação do desastre.
Está a chamar desatentos e negligentes a todos e isso não é bonito.
Os meus colegas tiveram oportunidade em Novembro de 2009 de assistir a uma breve apresentação minha sobre o problema da energia e as suas relações com os transportes públicos em que mostrei os numeros da insustentabilidade de um país que importava mais alimentos e mais energia do que o que produzia.
De facto não me pareceu que a direção da minha empresa tivesse prestado a mínima atenção ao que eu expus, embora o metropolitano consuma 1/500 da energia elétrica consumida em Portugal.
E assim como a direção da minha empresa, as entidades encarregadas da tutela da minha empresa acharam que não precisavam da minha opinião.
É natural que as coisas se tenham encaminhado da forma como se encaminharam.
A sociedade portuguesa não consegue capitalizar o esforço dos cidadãos e cidadãs.
E o grave é que, apesar das tronitroantes opiniões de Medina Carreira sobre a desindustrialização e a decadencia através do endividamento dos USA e de Portugal, continuamos a importar mais alimentos, mais produtos e mais energia do que aquilo que produzimos.
Isto é, continuamos insustentáveis (hoje só vi laranjas da África do Sul na loja do senhor Soares dos Santos quando estamos em época de laranjas algarvias; pagaram com euros ou em espécie com bens ou serviços transacionáveis?).
Diz o atual governo que resolve as coisas com cortes? (anunciar cortes serve apenas para entreter o pessoal, disse Medina Carreira).
Peço desculpa, mas não se consegue.
É preciso aumentar a produção industrial e agrícola e cobrir as importações ou substitui-las com os tais bens transacionáveis (interessante ouvir Medina Carreira falar em protecionismo, à Colbert, para desenvolver a industria, e não me puxem pela língua porque nos mercados abertos da globalização ainda há leis contra o dumping, quer os preços baixos venham de não se pagar taxas sociais, quer venham de custos marginais baixos por excesso de produção).
Salvo melhor opinião.
Pouco depois, vejo no noticiário a declaração de Obama garantindo que cortes na educação não estão no seu programa, porque é essencial para os USA. Será que o senhor ministro da educação viu?
Ao menos, se não acreditam neste humilde escriba, podiam dar atenção a Obama.
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/07/nao-em-meu-nome-iv-privatizacoes_01.html
Medina Carreira diz, a propósito das privatizações, que alguem se passou, ainda antes da vinda da troica, quando se fez o programa de privatização de empresas quase monopolistas como a GALP, a EDP ou os CTT.
Que ao fim de 7 meses ter-se-ão dissipado em empréstimos os proveitos da venda.
E que os estrangeiros que vierem cá pôr o dinheiro quererão recuperá-lo com dividendos.
Estamos então de acordo.
As privatizações não serão feitas em meu nome, nem no de Medina Carreira.
Que também soube dizer que os cortes na saúde e na educação são a eito, porque cortes racionais exigem muito tempo.
Mas não gostei quando diz que ninguém quis saber quando ele lançou os alertas sobre a aproximação do desastre.
Está a chamar desatentos e negligentes a todos e isso não é bonito.
Os meus colegas tiveram oportunidade em Novembro de 2009 de assistir a uma breve apresentação minha sobre o problema da energia e as suas relações com os transportes públicos em que mostrei os numeros da insustentabilidade de um país que importava mais alimentos e mais energia do que o que produzia.
De facto não me pareceu que a direção da minha empresa tivesse prestado a mínima atenção ao que eu expus, embora o metropolitano consuma 1/500 da energia elétrica consumida em Portugal.
E assim como a direção da minha empresa, as entidades encarregadas da tutela da minha empresa acharam que não precisavam da minha opinião.
É natural que as coisas se tenham encaminhado da forma como se encaminharam.
A sociedade portuguesa não consegue capitalizar o esforço dos cidadãos e cidadãs.
E o grave é que, apesar das tronitroantes opiniões de Medina Carreira sobre a desindustrialização e a decadencia através do endividamento dos USA e de Portugal, continuamos a importar mais alimentos, mais produtos e mais energia do que aquilo que produzimos.
Isto é, continuamos insustentáveis (hoje só vi laranjas da África do Sul na loja do senhor Soares dos Santos quando estamos em época de laranjas algarvias; pagaram com euros ou em espécie com bens ou serviços transacionáveis?).
Diz o atual governo que resolve as coisas com cortes? (anunciar cortes serve apenas para entreter o pessoal, disse Medina Carreira).
Peço desculpa, mas não se consegue.
É preciso aumentar a produção industrial e agrícola e cobrir as importações ou substitui-las com os tais bens transacionáveis (interessante ouvir Medina Carreira falar em protecionismo, à Colbert, para desenvolver a industria, e não me puxem pela língua porque nos mercados abertos da globalização ainda há leis contra o dumping, quer os preços baixos venham de não se pagar taxas sociais, quer venham de custos marginais baixos por excesso de produção).
Salvo melhor opinião.
Pouco depois, vejo no noticiário a declaração de Obama garantindo que cortes na educação não estão no seu programa, porque é essencial para os USA. Será que o senhor ministro da educação viu?
Ao menos, se não acreditam neste humilde escriba, podiam dar atenção a Obama.
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Pedro Osório, sobre um canto do Quénia
Pedro Osório é um excelente músico, e devia aparecer mais vezes.
Vejam como é bonito:
Objetivo: poder cantar-se assim na Somália e noutras regiões em que as armas têm prioridade.
Vejam como é bonito:
Objetivo: poder cantar-se assim na Somália e noutras regiões em que as armas têm prioridade.
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Sugestão ao senhor secretário de estado da Cultura
No meio dos desgostos que a senhora ex-ministra da Cultura e o atual senhor secretário de estado me têm dado, desde a ingerencia na ópera, a transferencia do museu dos coches e agora a fusão a todo o preço de funções e atribuições, tenho uma sugestão a fazer, para animar o teatro em Portugal e chamar mais público aos teatros nacionais.
Tem sido muito divulgado por email um diálogo entre o ministro Colbert (a minha professora de História não se cansava de gabar a politica mercantilista, de livre circulação de mercadorias e apoio à industria em França mas com proteções aduaneiras) e o cardeal Mazarin, o grande superintendente de Luis XIV. Mazarin explica a Colbert onde deve arranjar dinheiro: com impostos sobre a classe média, que quanto mais sobrecarregada é mais trabalha.
O diálogo não é histórico. Faz parte da peça de Antoine Rault "Le diable rouge" (o cardeal Mazarin), que trata principalmente o interesse politico do casamento de Luis XIV com a filha do rei de Espanha para acabar com o sorvedouro das guerras. Em cena em França em 2008.
Ver:
É o que eu sugiro: levar à cena esta peça nos teatros nacionais. Os públicos acorrerão, para ver os amores infelizes de Luis XIV e a teoria sobre os impostos.
Tem sido muito divulgado por email um diálogo entre o ministro Colbert (a minha professora de História não se cansava de gabar a politica mercantilista, de livre circulação de mercadorias e apoio à industria em França mas com proteções aduaneiras) e o cardeal Mazarin, o grande superintendente de Luis XIV. Mazarin explica a Colbert onde deve arranjar dinheiro: com impostos sobre a classe média, que quanto mais sobrecarregada é mais trabalha.
O diálogo não é histórico. Faz parte da peça de Antoine Rault "Le diable rouge" (o cardeal Mazarin), que trata principalmente o interesse politico do casamento de Luis XIV com a filha do rei de Espanha para acabar com o sorvedouro das guerras. Em cena em França em 2008.
Ver:
Le Diable Rouge de Antoine Rault from aquitainetv on Vimeo.
É o que eu sugiro: levar à cena esta peça nos teatros nacionais. Os públicos acorrerão, para ver os amores infelizes de Luis XIV e a teoria sobre os impostos.
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SAAL - Serviço de Apoio Ambulatório Local
SAAL - Serviço de Apoio Ambulatório Local - Programa da responsabilidade do secretário de estado da habitação e urbanismo, arquiteto Nuno Portas, em vigor de 1974 a 1976.
Objetivo - resolução do problema da habitação das populações em barracas e bairros de lata, envolvendo-as em procedimentos de auto-construção.
Foi o "25 de Abril" da arquitetura; através do apoio de técnicos permitiu ultrapassar obstáculos burocráticos (a primeira dificuldade que se depara aos cidadãos quando querem resolver alguma coisa); suprimido por decreto ao fim de dois anos, transferindo todas as funções para as camaras municipais.
A propósito da notícia do DN , citando o presidente da câmara de Lagos: "a construção de hoteis de 4 e 5 estrelas não é compatível com empreendimentos sem o mínimo de condições", percebe-se que se pretende acabar com o bairro do SAAL na aldeia da Meia-praia em Lagos para facilitar a construção de hoteis.
No comments, como diz o programa da Euronews, mas recorde-se a canção de José Afonso:
Foi sempre a tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixar tudo à dependura
Quando na presa reparas
Nuno Portas, entrevistado a propósito, admitiu que o bairro pudesse ter sido demolido por estar muito avançado na areia, mas que construir hoteis no mesmo sítio lhe parece ... "esquisito".
Recordou que no programa trabalhou gente de todos os partidos politicos e que foi um "case study" em Portugal e no estrangeiro (comentário meu: nunca se consegue destruir tudo ou apagar toda a memória).
Infelizmente, foi cortado, em Outubro de 1976.
País de cortes para ficarem os decisores muito tranquilos e senhores das suas decisões depois de eliminarem o que não se coaduna com o seu pensamento ideológico (comentário meu).
Filmes:
- Continuar a viver ou os indios da Meia praia, de Cunha Teles
- As operações SAAL
Livro:
- O processo SAAL e a arquitetura no 25 de Abril de 1974, de José Bandeirinha
Objetivo - resolução do problema da habitação das populações em barracas e bairros de lata, envolvendo-as em procedimentos de auto-construção.
Foi o "25 de Abril" da arquitetura; através do apoio de técnicos permitiu ultrapassar obstáculos burocráticos (a primeira dificuldade que se depara aos cidadãos quando querem resolver alguma coisa); suprimido por decreto ao fim de dois anos, transferindo todas as funções para as camaras municipais.
A propósito da notícia do DN , citando o presidente da câmara de Lagos: "a construção de hoteis de 4 e 5 estrelas não é compatível com empreendimentos sem o mínimo de condições", percebe-se que se pretende acabar com o bairro do SAAL na aldeia da Meia-praia em Lagos para facilitar a construção de hoteis.
No comments, como diz o programa da Euronews, mas recorde-se a canção de José Afonso:
Foi sempre a tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixar tudo à dependura
Quando na presa reparas
Nuno Portas, entrevistado a propósito, admitiu que o bairro pudesse ter sido demolido por estar muito avançado na areia, mas que construir hoteis no mesmo sítio lhe parece ... "esquisito".
Recordou que no programa trabalhou gente de todos os partidos politicos e que foi um "case study" em Portugal e no estrangeiro (comentário meu: nunca se consegue destruir tudo ou apagar toda a memória).
Infelizmente, foi cortado, em Outubro de 1976.
País de cortes para ficarem os decisores muito tranquilos e senhores das suas decisões depois de eliminarem o que não se coaduna com o seu pensamento ideológico (comentário meu).
Filmes:
- Continuar a viver ou os indios da Meia praia, de Cunha Teles
- As operações SAAL
Livro:
- O processo SAAL e a arquitetura no 25 de Abril de 1974, de José Bandeirinha
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domingo, 18 de setembro de 2011
Apoio ao reconhecimento do estado da Palestina
Apoio ao reconhecimento do estado da Palestina pela ONU, como forma de ajudar a resolver o conflito sem violencia:
http://www.avaaz.org/en/independence_for_palestine_en/?copy
http://www.avaaz.org/en/independence_for_palestine_en/?copy
sábado, 17 de setembro de 2011
O bairro do cerejal
Moskow - Cheryomushki (o bairro do cerejal em Moscovo), opereta de Dmitri Chostakovitch, estreada em Moscovo em 1959.
Os apaixonados não têm casa para viver o seu amor. Só podem encontrar-se ingenuamente no cinema e nos museus. Tentam desesperadamente a atribuição de um apartamento num dos novos blocos construidos no bairro do cerejal. Finalmente, os burocratas corruptos que pretendiam os apartamentos para eles próprios e para os seus cumplices são vencidos.
Chostakovitch escreveu este musical um pouco antes do West Side Story, de Leonard Bernstein, do outro lado do mundo.
Com todas as diferenças entre eles, sinto-os muito próximos.
Bernstein baseou-se na história de Romeu e Julieta adaptada aos porto-riquenhos de West Side para ilustrar os muros que se levantam à compreensão entre as pessoas e ao amor adolescente.
Chostakovitch vivia num contexto diferente da New York de Bernstein, e de uma forma incompreensível para muitos comentadores ocidentais.
Como podia um homem sensível viver no meio do estalinismo e manter o seu militantismo oficial?
Talvez porque a sua personalidade o levava a reagir com raiva e de uma forma persistente aos sucessivos golpes que Estaline infligiu ao ideal comunista.
A ideia do Bairro do Cerejal é essa: criticar com as armas de que dispunha, já na era pós-Estaline, a burocracia e a corrupção que se opunham ao ideal comunista de providenciar habitação condigna a todos, consoante as suas necessidades e as suas possibilidades (o que era também o ideal de Adam Smith nunca assumido pelos seus seguidores).
Ficaram da experiencia soviética os crimes contra a liberdade e a incapacidade de compreensão das novas ideias e tecnologias de gestão descentralizada, mas ficaram a musica de Chostakovitch, e os bairros dos cerejais que foram construidos por aqueles lados,agora, coitados, muito precisados de manutenção, enquanto no ocidente, nesse tempo, cresciam as favelas e os bairros de lata.
Como diz e pratica o maestro Barenboim, a musica aproxima as pessoas.
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
A senhora doutora juiza ensinou-me
Sem ter feito muito para isso, estive num tribunal do trabalho num julgamento como testemunha.
Por seu turno, sem que o tivesse feito propositadamente, a senhora doutora juiza ensinou-me uma coisa que me resolveu uma questão antiga.
Foi o caso de me ter perguntado se o que eu tinha feito, na matéria relacionada com o julgamento, embora não o fosse formalmente, o tinha sido na realidade.
Que é como quem diz, se o meu comportamento tinha sido mesmo a essencia e o conteudo dos factos, sem que a forma tivesse preenchido, no contexto, todos os requisitos formais.
Claro que respondi à senhora doutora juiza que o que fiz, o fiz na prática como se formalmente todas as questões estivessem reguladas, embora não o estivessem apesar de eu oportunamente o ter requerido.
E aí está como um sentimento habitual em mim, olhar para o essencial e secundarizar o acessório, só porque o verbalizei à senhora doutora juíza, de repente me esclarece a questão do meu tribunal interior.
Por exemplo, o grupo de dirigentes do BCP que foi proibido de continuar a gerir o banco concedia-se mutuamente e aos filhos e afilhados empréstimos a juros baixos para fins de entretenimento e enriquecimento privado, com mais ou menos off-shores.
Neste caso, dado haver legislação com alguma clareza, coincidem o meu tribunal interior e o tribunal oficial.
Mas consideremos o caso noticiado hoje, com uma sorridente fotografia do senhor Triché (enganado), perdão, do senhor Tricheur (trapaceiro), perdão, estou com dislexia e dificuldade em dominar o francês, do senhor Trichet, senhor do BCE: o BCE tinha emprestado a dois bancos privados, para que eles não sofressem de angustia, 575 milhões de dólares a um prazo de sete dias mas a um juro de 1,1%.
E que se preparava para mais empréstimos de dólares até ao fim de 2011, com prazos de três meses.
Bem, como disse, agora entendo melhor estas coisas: o comportamento do senhor Trichet só difere dos trapaceiros do BCP por estar à vista de todos.
Mas para mim, mesmo que seja falta minha de sensibilidade e de discernimento, o comportamento é, na prática, o mesmo, embora formalmente não o seja, tal como a senhora doutora juíza me ensinou, e eu prezo muito o que me ensinam.
É que até é simples de demonstrar, embora haja o tal vazio legal que impede que um cidadão faça queixa a um tribunal e proponha a prisão ou, pelo menos, o impedimento do senhor, com base em favorecimento ilícito de bancos privados a juros baixos, sabendo-se que vão depois emprestar a juros altissimos (já passaram os 100% à Grécia? no mercado secundário ou no primário, que interessa?) porque há uma disposição da União Europeia que protege os bancos privados (o protecionismo económico não é um dos adversários da União Europeia, ou anda-se a dormir com os bandidos?) ao proibir o BCE de emprestar diretamente aos bancos centrais.
E a demonstração é pela negativa, é que o senhor Trichet desempenha um cargo não eleito pelas cidadãs e pelos cidadãos.
Podemos não gostar da senhora Angela (não a Davis, a Merkel) e assobiar para o lado quando o senhor Sarkozy se põe em bicos dos pés e nega a pés, juntos e em sapatos compensados, que recebeu sacos azuis quando era maire de Neully ou ministro das finanças.
Mas eles foram eleitos, e apresentaram programas eleitorais.
Quem dirige o BCE deveria fazê-lo de acordo com politicas sujeitas previamente ao sufrágio eleitoral, perdoem-se-me as sucessivas redundancias, mas é para sublinhar a traço forte, como dizia o professor Ilharco.
E tenho muito prazer por me ver acompanhado nesta opinião por alguns comentadores favoráveis ao partido atualmente no poder em Portugal.
É que é impossivel uns poucos enganarem todos durante todo o tempo, embora este intervalo de tempo possa ser grandemente estendido em função de uma gestão sábia dos tempos de causa-efeito e dos períodos entre eleições.
Por seu turno, sem que o tivesse feito propositadamente, a senhora doutora juiza ensinou-me uma coisa que me resolveu uma questão antiga.
Foi o caso de me ter perguntado se o que eu tinha feito, na matéria relacionada com o julgamento, embora não o fosse formalmente, o tinha sido na realidade.
Que é como quem diz, se o meu comportamento tinha sido mesmo a essencia e o conteudo dos factos, sem que a forma tivesse preenchido, no contexto, todos os requisitos formais.
Claro que respondi à senhora doutora juiza que o que fiz, o fiz na prática como se formalmente todas as questões estivessem reguladas, embora não o estivessem apesar de eu oportunamente o ter requerido.
E aí está como um sentimento habitual em mim, olhar para o essencial e secundarizar o acessório, só porque o verbalizei à senhora doutora juíza, de repente me esclarece a questão do meu tribunal interior.
Por exemplo, o grupo de dirigentes do BCP que foi proibido de continuar a gerir o banco concedia-se mutuamente e aos filhos e afilhados empréstimos a juros baixos para fins de entretenimento e enriquecimento privado, com mais ou menos off-shores.
Neste caso, dado haver legislação com alguma clareza, coincidem o meu tribunal interior e o tribunal oficial.
Mas consideremos o caso noticiado hoje, com uma sorridente fotografia do senhor Triché (enganado), perdão, do senhor Tricheur (trapaceiro), perdão, estou com dislexia e dificuldade em dominar o francês, do senhor Trichet, senhor do BCE: o BCE tinha emprestado a dois bancos privados, para que eles não sofressem de angustia, 575 milhões de dólares a um prazo de sete dias mas a um juro de 1,1%.
E que se preparava para mais empréstimos de dólares até ao fim de 2011, com prazos de três meses.
Bem, como disse, agora entendo melhor estas coisas: o comportamento do senhor Trichet só difere dos trapaceiros do BCP por estar à vista de todos.
Mas para mim, mesmo que seja falta minha de sensibilidade e de discernimento, o comportamento é, na prática, o mesmo, embora formalmente não o seja, tal como a senhora doutora juíza me ensinou, e eu prezo muito o que me ensinam.
É que até é simples de demonstrar, embora haja o tal vazio legal que impede que um cidadão faça queixa a um tribunal e proponha a prisão ou, pelo menos, o impedimento do senhor, com base em favorecimento ilícito de bancos privados a juros baixos, sabendo-se que vão depois emprestar a juros altissimos (já passaram os 100% à Grécia? no mercado secundário ou no primário, que interessa?) porque há uma disposição da União Europeia que protege os bancos privados (o protecionismo económico não é um dos adversários da União Europeia, ou anda-se a dormir com os bandidos?) ao proibir o BCE de emprestar diretamente aos bancos centrais.
E a demonstração é pela negativa, é que o senhor Trichet desempenha um cargo não eleito pelas cidadãs e pelos cidadãos.
Podemos não gostar da senhora Angela (não a Davis, a Merkel) e assobiar para o lado quando o senhor Sarkozy se põe em bicos dos pés e nega a pés, juntos e em sapatos compensados, que recebeu sacos azuis quando era maire de Neully ou ministro das finanças.
Mas eles foram eleitos, e apresentaram programas eleitorais.
Quem dirige o BCE deveria fazê-lo de acordo com politicas sujeitas previamente ao sufrágio eleitoral, perdoem-se-me as sucessivas redundancias, mas é para sublinhar a traço forte, como dizia o professor Ilharco.
E tenho muito prazer por me ver acompanhado nesta opinião por alguns comentadores favoráveis ao partido atualmente no poder em Portugal.
É que é impossivel uns poucos enganarem todos durante todo o tempo, embora este intervalo de tempo possa ser grandemente estendido em função de uma gestão sábia dos tempos de causa-efeito e dos períodos entre eleições.
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Blue Station
Que Cesário Verde e o seu picnic de burguesas me perdoe, mas naquela manhã de um dia de trabalho como os outros, nos últimos anos do milénio, na estação de metro da Baixa, cheia de mulheres jovens concentradas na tarefa de irem para os seus empregos, houve uma coisa simplesmente bela, e que sem ter história nem grandezas, em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do metro, foste a correr pela escada acima sobraçando a tua pasta de desenhos de aluna das Belas Artes.
Pouco depois, ainda nesse tempo se viam as abóbadas de azulejos limpas e brancas, tiveste de subir a escada mecânica avariada, e era a tua visão, saltando os degraus parados e a tua pequena saia a esvoaçar e a embaraçar-se na pasta dos desenhos, o supremo encanto da estação.
Noutra estação de metro, por esse tempo, mais acima na cidade, em Alvalade, o átrio apareceu um dia coberto por grandes cartazes de publicidade da Mc Donalds.
Tinha sido inaugurado um Mc Donalds mesmo ao lado da estação.
Falou-se que a estação ia ser adotada, que mudaria o nome para McDonalds Alvalade e que a contribuição financeira que se esperava iria garantir a manutenção de todos os equipamentos da estação sem custos para o Metropolitano.
Seria a estação dos hamburguers, mas a ameaça não se concretizou, possivelmente porque a administração da Mc Donalds preferiu investir no estudo da minimização dos efeitos nefastos das gorduras saturadas em vez de publicidade agressiva.
A rapariga de que se fala no inicio deste texto acabou o curso de Belas Artes mas não conseguiu melhor colocação do que vender cafés e bolos num centro comercial.
As discussões com o pai ajudaram-na a consumir drogas.
Envergonhava-se de a vender aos antigos colegas e por isso optou por uma atividade lucrativa numa agencia de acompanhantes especializada em turistas em hoteis.
Conseguiu autonomia financeira, montou uma loja de decoração com o seu companheiro e libertou-se da droga e dos clientes da agencia.
Mas o companheiro não ajudou, endividou-se para alem do suportável, o contexto económico também não foi favorável, e o fisco penhorante ficou com tudo.
E aí temos a nossa heroina, dez anos depois da primeira cena, de volta ao comércio do sexo, para sustentar os dois filhos pequenos e ter uma vida minimamente confortável.
Quando a estação Baixa Chiado acordou de azul, cor de led (light emission diode), nos seus corredores de acesso e em fita luminosa no bordo dos cais quando o comboio entra na estação (engraçado, o metropolitano chegou a instalar um sistema semelhante na estação Chelas, mas o coletivo desinteressou-se de o manter em funcionamento, para economizar a manutenção; agora que se volta à ideia, talvez fosse bom iluminar o intervalo entre o comboio e o cais, que é o maior, na estação Marquês de Pombal), e com um quadradinho azul a dizer PT nos letreiros com o nome da estação, chocaram-se as sensibilidades e alguém do movimento de cidadania Lx veio dizer que era a prostituição do espaço público, a subordinação à publicidade de uma empresa.
Ora, se eu contei a história da estudantezinha de Belas Artes não foi para escandalizar ninguém por ela vender sexo.
Até porque a intervenção na iluminação da estação revelou alguma preocupação de economia energética e a empresa externa que faz a manutenção dos elevadores até os tem a funcionar, coisa que já não se via há muito.
Desejaria antes que as pessoas se escandalizassem por ser preciso vender sexo para garantir a educação aos filhos e ter uma vida confortável.
Mas isso talvez implicasse uma tomada de posição política por parte das pessoas e é sempre mais fácil o moralismo condenatório, para isso se fizeram os pelourinhos.
E contudo, ainda lá está, em Pompeia, o bordel com a sala de espera e refrescamento no andar térreo.
No ano do senhor de 1490 havia registo de 7000 prostitutas na cidade do papa, certamente geradoras de imposto, tal como as suas continuadoras holandesas, que passam recibo com IVA de 19% e descontam 50% para a segurança social.
E até a Siemens ajudou a resolver o problema das prostitutas de rua de Bona: instalou parquimetros onde as senhoras metem 6€ para poderem exercer durante toda a noite.
Na Alemanha estima-se um rendimento anual da prostituição, contribuinte para o PIB, de 14 mil milhões de euros e, feita uma sondagem entre universitárias, 33,3% das respostas admitiram a hipótese de vender sexo para pagar o curso .
Será assim tão mau prostituir o espaço público, se prostitutas são pessoas trabalhadoras e contribuintes como as outras, embora digam, com um ar triste, que os seus sonhos morreram?
(Sim, será muito mau, se não se obtiver uma compensação financeira que cubra as despesas de manutenção da estação e dos seus equipamentos).
Também eu próprio poderia pensar em contratar com a PT a decoração das portas do meu carro com os seus logotipos, ou com outra empresa de cores mais vivas, que me pagasse a manutenção do carro e me oferecesse uns bilhetes de ópera, por exemplo. Ou contratar com o Google a publicação de anuncios automáticos neste blogue.
Além de que o patrocínio da PT na estação Baixa Chiado tem uma componente cultural (pena, muita pena, não haver um encorajamento a visitar o Museu de Arte Contemporanea, um dos museus de mais fácil adesão pelo público).
Talvez que escandalo seja antes o metropolitano não ter receitas para fazer a manutenção das suas estações e equipamentos a um nivel elevado de serviço publico; por exemplo, não ter o elevador da Rua Ivens instalado para pessoas com mobilidade reduzida, não ter sequer as plataformas elevatórias de recurso nas escadas da rua do Crucifixo, não ter instalações sanitárias abertas ao público incluindo as pessoas com mobilidade reduzida.
Isto na estação Baixa Chiado, PT ou não, e nas outras, com patrocínio ou sem ele, neste país de suspensões permanentes.
Mas como dizia não sei quem, o escandalo é a nossa vida.
Mas não devia ser.
Créditos:
- O pic-nic de burguesas, de Cesário Verde
- The Girl friend experience, de Steven Soderberg
- Conversations avec des prostituées, de Louis Aragon
- DN de 2011-08-31
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Acidente ferroviário de Buenos Aires
De forma semelhante ao acidente na Saxonia-Anhalt (http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2011/02/as-mortes-na-saxonia-anhalt.html) e ao acidente com o TGV chinês (claramente motivado por inexistencia de equipamentosde segurança que evitassem as consequencias de uma avaria por descarga elétrica - http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/07/acidente-em-linha-de-alta-velocidade-na.html), experimento também no caso do acidente de Buenos Aires um sentimento de desgosto pelas 11 mortes e pelos erros de exploração de caminhos de ferro.
(http://aeiou.expresso.pt/argentina-comovida-com-pior-acidente-em-50-anos-videos=f673822)
As imagens das camaras de televisão da prensagem do autocarro falam por si e dispensam grandes teorias de comissões de inquérito.
Conforme se pode ler na noticia, as linhas suburbanas atravessam a cidade cruzando-se com várias passagens de nível.
Não há tuneis nem viadutos, apenas promessas.
É verdade que a Argentina foi vitima de uma crise económica gravissima devida a deficiente taxa de cambio relativamente ao dolar americano, de que se vem libertando com crescimento económico positivo (apesar do setor terciário ter um peso demasiado elevado em detrimento do setor produtivo), pagamento das dívidas conforme as suas possibilidades e não com os juros e os prazos dos credores (os economistas da escola dominante chamam a isto bancarrota), sem comprometer algum investimento público e, aspeto negativo, com o agravamento das desigualdades sociais.
Todavia, ainda a crise não se tinha declarado, tive ocasião de ouvir, em reunião da associação Alamys, em Lisboa, no final dos anos 90, o presidente da companhia dos trens de Buenos Aires dizer que tinha a honra de ter sido o secretário de estado dos transportes que tinha implementado a privatização dos transportes urbanos de Buenos Aires.
Na verdade, foi a confissão da proximidade promíscua entre os politicos e os grupos económicos numa matéria de interesse público.
Um sistema de transportes deve ser o meio energeticamente mais económico de colocar os volumes de trabalhadores nos seus locais de trabalho.
Dificil entender nesta perspetiva como poderão gerar lucro que não seja investido na sua manutenção e expansão (à atenção de quem vai receber as propostas da Arriva, da Veolia, da Stage Coach, da Transdev e do Barraqueiro da próxima feira de privatizações em Portugal ).
Mas na Argentina vingou a tese da privatização e da minimização do investimento.
Não é admissivel, do ponto de vista da exploração de um sistema ferroviário, que de 4 em 4 minutos passe um comboio numa passagem de nivel suscetivel de ser "transgredida" por veiculos rodoviários.
Estima-se uma morte de dois em dois dias nas passagens de nivel de Buenos Aires.
De acordo com tabelas de seguros, contabilizando uma vida em 150.000 euros, teremos um prejuizo anual de 27 milhões de euros, o que justificaria um investimento de 1.500 milhões de euros em passagens desniveladas).
A norma EN50126, que faz parte do conjunto de normas que regulam a exploração dos caminhos de ferro, define o risco de um acidente como a combinação entre a probabilidade da sua ocorrencia e a gravidade das suas consequencias.
No caso de Buenos Aires, temos um acontecimento frequente e consequencias criticas (1 morte de dois em dois em dias, ou 0,02 mortes por hora ).
De acordo com a norma, este risco é intolerável e obriga a intervenção corretiva (neste caso, passagens desniveladas, uma vez que o coeficiente de adesão das rodas da ferrovia não permitirem travagens em espaços curtos).
Conclui-se assim que a exploração em Buenos Aires está fora da norma, por mais que as autoridades invoquem os esforços de contenção económica (será mais barato perder 27 milhões de euros de vidas humanas por ano?).
Perante a penúria de recursos (ironizo, uma vez que a construção civil na Argentina é um setor pujante e existe crescimento económico positivo) para se cumprir a norma, teria de se interditar o transito rodoviário cruzando a ferrovia ou voltar às cancelas guarnecidas por pessoal, paragem dos comboios antes de cada travessia e acompanhamento da testa do comboio por um agente durante a travessia (ver os procedimentos na travessia da rodovia em Alcantara pelo comboio dos contentores de Alcantara; mesmo assim, não se eliminarão os acidentes, que podem ocorrer numa passagem de nivel por percussão de veiculos rodoviários estacionados por condutores desatentos).
Ou então, depois da emoção popular e da presidente da Argentina e das condolencias do papa, deixar as coisas como estão, o que se lamentará.
(http://aeiou.expresso.pt/argentina-comovida-com-pior-acidente-em-50-anos-videos=f673822)
As imagens das camaras de televisão da prensagem do autocarro falam por si e dispensam grandes teorias de comissões de inquérito.
Conforme se pode ler na noticia, as linhas suburbanas atravessam a cidade cruzando-se com várias passagens de nível.
Não há tuneis nem viadutos, apenas promessas.
É verdade que a Argentina foi vitima de uma crise económica gravissima devida a deficiente taxa de cambio relativamente ao dolar americano, de que se vem libertando com crescimento económico positivo (apesar do setor terciário ter um peso demasiado elevado em detrimento do setor produtivo), pagamento das dívidas conforme as suas possibilidades e não com os juros e os prazos dos credores (os economistas da escola dominante chamam a isto bancarrota), sem comprometer algum investimento público e, aspeto negativo, com o agravamento das desigualdades sociais.
Todavia, ainda a crise não se tinha declarado, tive ocasião de ouvir, em reunião da associação Alamys, em Lisboa, no final dos anos 90, o presidente da companhia dos trens de Buenos Aires dizer que tinha a honra de ter sido o secretário de estado dos transportes que tinha implementado a privatização dos transportes urbanos de Buenos Aires.
Na verdade, foi a confissão da proximidade promíscua entre os politicos e os grupos económicos numa matéria de interesse público.
Um sistema de transportes deve ser o meio energeticamente mais económico de colocar os volumes de trabalhadores nos seus locais de trabalho.
Dificil entender nesta perspetiva como poderão gerar lucro que não seja investido na sua manutenção e expansão (à atenção de quem vai receber as propostas da Arriva, da Veolia, da Stage Coach, da Transdev e do Barraqueiro da próxima feira de privatizações em Portugal ).
Mas na Argentina vingou a tese da privatização e da minimização do investimento.
Não é admissivel, do ponto de vista da exploração de um sistema ferroviário, que de 4 em 4 minutos passe um comboio numa passagem de nivel suscetivel de ser "transgredida" por veiculos rodoviários.
Estima-se uma morte de dois em dois dias nas passagens de nivel de Buenos Aires.
De acordo com tabelas de seguros, contabilizando uma vida em 150.000 euros, teremos um prejuizo anual de 27 milhões de euros, o que justificaria um investimento de 1.500 milhões de euros em passagens desniveladas).
A norma EN50126, que faz parte do conjunto de normas que regulam a exploração dos caminhos de ferro, define o risco de um acidente como a combinação entre a probabilidade da sua ocorrencia e a gravidade das suas consequencias.
No caso de Buenos Aires, temos um acontecimento frequente e consequencias criticas (1 morte de dois em dois em dias, ou 0,02 mortes por hora ).
De acordo com a norma, este risco é intolerável e obriga a intervenção corretiva (neste caso, passagens desniveladas, uma vez que o coeficiente de adesão das rodas da ferrovia não permitirem travagens em espaços curtos).
Conclui-se assim que a exploração em Buenos Aires está fora da norma, por mais que as autoridades invoquem os esforços de contenção económica (será mais barato perder 27 milhões de euros de vidas humanas por ano?).
Perante a penúria de recursos (ironizo, uma vez que a construção civil na Argentina é um setor pujante e existe crescimento económico positivo) para se cumprir a norma, teria de se interditar o transito rodoviário cruzando a ferrovia ou voltar às cancelas guarnecidas por pessoal, paragem dos comboios antes de cada travessia e acompanhamento da testa do comboio por um agente durante a travessia (ver os procedimentos na travessia da rodovia em Alcantara pelo comboio dos contentores de Alcantara; mesmo assim, não se eliminarão os acidentes, que podem ocorrer numa passagem de nivel por percussão de veiculos rodoviários estacionados por condutores desatentos).
Ou então, depois da emoção popular e da presidente da Argentina e das condolencias do papa, deixar as coisas como estão, o que se lamentará.
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Splendidissima civitatis
Ruinas romanas de Bobadela, perto de Oliveira do Hospital.
Referem as monografias locais que o arco se manteve de pé, sobre a calçada, desde a decadencia romana.
As colunas do forum, que se pensa estaria adjacente ao arco e porta principal da cidade, vão sendo pacientemente reconstituidas.
A arena para os jogos para divertimento da população (panem et circenses), com um balcão para as pessoas importantes da época, foi reconstruida a partir dos restos dos muros e das paredes que escaparam ao reaproveitamento nas construções da aldeia.
Floresceu assim entre os séculos I e IV DC, no que é hoje a Beira Alta a poente da serra da estrela, uma cidadezinha de administração romana, possivelmente ponto de passagem entre o interior e o litoral (ou de ligação ao sul?).
Referem as monografias locais que o arco se manteve de pé, sobre a calçada, desde a decadencia romana.
As colunas do forum, que se pensa estaria adjacente ao arco e porta principal da cidade, vão sendo pacientemente reconstituidas.
A arena para os jogos para divertimento da população (panem et circenses), com um balcão para as pessoas importantes da época, foi reconstruida a partir dos restos dos muros e das paredes que escaparam ao reaproveitamento nas construções da aldeia.
Floresceu assim entre os séculos I e IV DC, no que é hoje a Beira Alta a poente da serra da estrela, uma cidadezinha de administração romana, possivelmente ponto de passagem entre o interior e o litoral (ou de ligação ao sul?).
À decadencia romana, possivelmente motivada pela insustentabilidade económica do modelo de cidades e vilas rurais servidas por escravos (demonstração prática da lei dos rendimentos decrescentes à medida que aumentamos fatores de produção) seguiu-se o modelo de exploração agrícola em unidades com sentido comunitário que tiveram ainda de sustentar o feudalismo nascente, no meio das guerras mais ou menos tribais descritas como a invasão dos bárbaros, a invasão árabe, a reconquista cristã, a formação do sacro império romano do ocidente, da França e dos reinos normandos, as cruzadas, as lutas da independencia relativamente a Castela.
Tudo isto para dizer apenas que por mais destrutiva que seja uma mudança de modelo de produção e de ocupação da terra, por maior que seja a ganancia de quem quer aproveitar-se do que existe, ou por maior que seja o desprezo a que a cultura seja votada, alguma coisa consegue resistir à força de quem destroi.
Umas vezes inconscientemente, em ignorancia plena e narcisista, com a atenção concentrada em outros conceitos; outras vezes conscientemente, por oposição a quem construiu o que se destroi, e que se prefere desprezar em vez de estender a mão.
Donde, como parece muito dificil destruir completamente o que quer que seja, e fazê-la desaparecer completamente, não deverão as pessoas andar muito tristes por verem as mudanças que vão ocorrendo.
Alguma coisa sobreviverá.
E pensar que, se preferisse fotografar vestígios arqueológicos mais antigos, da ocupação celta, teria aqui também, na Beira Alta, várias antas, de tipo diferente das antas alentejanas, com um corredor comprido de acesso às pedras principais.
Mas como já disse ao meu amigo arqueólogo, prefiro o período romano, talvez por causa das pontes de Vitruvius e seus colegas.
Ponte romana sobre o rio Alva, entre duas margens desniveladas, a sudeste de Bobadela, em Alvoco das Várzeas |
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Leitura de fim de semana II - Ferrugem americana, de Philipp Meyer
Também não li este livro, um romance passado nos USA da crise atual.
Apenas li a referencia no DN e a oportunidade do tema.
(Ver
http://portalivros.wordpress.com/2011/09/09/bertrando-editou-a-estreia-de-philipp-meyer-%C2%ABferrugem-americana%C2%BB/ )
Pequena transcrição:
"... vales cheios de fábricas arruinadas, cidades inteiras semi-desertas devido ao desemprego, prisões a abarrotar de negros. É no interior que está a verdadeira tragédia. A destruição da América começa no seu interior".
Assim se compreende que dificilmente os 330 mil milhões de euros do programa de Obama poderão resolver o problema. Para mais com a oposição do Tea Party, do partido de Wall Street e da Goldman Sachs (agora conhecida por Government Sachs), defendo intransigentemente a máxima redução dos investimentos públicos.
Ver tambem http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=camden sobre a decadencia da cidade de Camden, a dois passos de Filadelfia e de New York.
Ironicamente, porque através de mecanismos eleitorais, são os mentores ou os adeptos das teorias económicas que conduziram a esta situação que agora decretam as medidas de austeridade para sair da crise.
Nesta perspetiva, a teoria de que a posse dos meios de produção, e a forma de utilização dos meios tecnológicos para essa produção e sua distribuição determinam a evolução da sociedade, parece constituir um bom meio de análise e de obtenção de pistas para melhorar a vida das pessoas.
(Por exemplo, surpreendentemente, nos USA, a classe dos proprietários, ou melhor, dos acionistas dos grandes grupos de produção agrícola, tem tanta influencia politica como os lobis industriais e militares, contrariando a ideia de que o setor agrícola num país desenvolvido tem menor peso do que os setores industrial ou terciário; outra evidencia são as offshores que neste momento condicionam a economia global apesar das tímidas medidas dos USA)
Salvo melhor opinião, claro.
Apenas li a referencia no DN e a oportunidade do tema.
(Ver
http://portalivros.wordpress.com/2011/09/09/bertrando-editou-a-estreia-de-philipp-meyer-%C2%ABferrugem-americana%C2%BB/ )
Pequena transcrição:
"... vales cheios de fábricas arruinadas, cidades inteiras semi-desertas devido ao desemprego, prisões a abarrotar de negros. É no interior que está a verdadeira tragédia. A destruição da América começa no seu interior".
Assim se compreende que dificilmente os 330 mil milhões de euros do programa de Obama poderão resolver o problema. Para mais com a oposição do Tea Party, do partido de Wall Street e da Goldman Sachs (agora conhecida por Government Sachs), defendo intransigentemente a máxima redução dos investimentos públicos.
Ver tambem http://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=camden sobre a decadencia da cidade de Camden, a dois passos de Filadelfia e de New York.
Ironicamente, porque através de mecanismos eleitorais, são os mentores ou os adeptos das teorias económicas que conduziram a esta situação que agora decretam as medidas de austeridade para sair da crise.
Nesta perspetiva, a teoria de que a posse dos meios de produção, e a forma de utilização dos meios tecnológicos para essa produção e sua distribuição determinam a evolução da sociedade, parece constituir um bom meio de análise e de obtenção de pistas para melhorar a vida das pessoas.
(Por exemplo, surpreendentemente, nos USA, a classe dos proprietários, ou melhor, dos acionistas dos grandes grupos de produção agrícola, tem tanta influencia politica como os lobis industriais e militares, contrariando a ideia de que o setor agrícola num país desenvolvido tem menor peso do que os setores industrial ou terciário; outra evidencia são as offshores que neste momento condicionam a economia global apesar das tímidas medidas dos USA)
Salvo melhor opinião, claro.
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A ferrugem americana,
Camden
Leitura de fim de semana I - Petit traité de la décroissance
Sugestão para leitura de fim de semana: Petit traité de la décroissance, de Serge Latouche.
(ver
http://pt.wikipedia.org/wiki/Decrescimento_sustent%C3%A1vel)
Não li o livro, apenas uma referencia no DN, mas podiamos aproveitar a crise e o inevitável decréscimo do PIB com as medidas de austeridade, para teorizar um bocadinho sobre a ideia.
Não nos concentrarmos tanto no indicador PIB, que é suposto só trazer felicidade se crescer.
Aliás, da simples teoria da entropia resulta que não é possivel um crescimento infinito do PIB.
Porém, já dei dois exemplos em que a felicidade não cresce com o PIB: o roubo da carteira faz subir o PIB, um acidente de automóvel também.
Então, selecionar aquilo que deve entrar para o PIB deveria ser uma grande preocupação dos decisores e dos teóricos da economia, não seria?
No caso dos dois exemplos, uma forma de selecionar seria colocar um dilema moral inevitável aos autores do roubo da carteira: aceitar um emprego na agricultura ou ir trabalhar para as oficinas de recuperação do sistema prisional. Quanto aos acidentes, para o PIB contribuiria a campanha de prevenção rodoviária e a fiscalização dos limites das velocidades, diminuindo a sinistralidade.
Teriamos um PIB menor mas mais eficaz para a felicidade da comunidade.
E as medidas de seleção de contribuições para o PIB sobrepor-se-iam às medidas de austeridade.
Salvo melhor opinião, claro.
Mas não sei se o senhor ministro da economia, julgado invisivel e silencioso pelo senhor Francisco Van Zeller, antigo presidente da Confederação industrial portuguesa ("todos nós, empresários, estamos admirados com o silencio do governo relativamente ao crescimento económico; parece que há um desamparo"), alinhará na ideia, embora a reivindicação deste sejam medidas para o crescimento económico, o que parecerá também uma boa ideia. Porém, a tal preocupação com a felicidade da comunidade deveria dar a prioridade ao combate ao desemprego, o que não parece vir do ministério da economia.
Nem medidas de crescimento, nem medidas de combate ao desemprego, nem medidas de seleção de contribuições para o PIB.
Pelo menos por enquanto.
(ver
http://pt.wikipedia.org/wiki/Decrescimento_sustent%C3%A1vel)
Não li o livro, apenas uma referencia no DN, mas podiamos aproveitar a crise e o inevitável decréscimo do PIB com as medidas de austeridade, para teorizar um bocadinho sobre a ideia.
Não nos concentrarmos tanto no indicador PIB, que é suposto só trazer felicidade se crescer.
Aliás, da simples teoria da entropia resulta que não é possivel um crescimento infinito do PIB.
Porém, já dei dois exemplos em que a felicidade não cresce com o PIB: o roubo da carteira faz subir o PIB, um acidente de automóvel também.
Então, selecionar aquilo que deve entrar para o PIB deveria ser uma grande preocupação dos decisores e dos teóricos da economia, não seria?
No caso dos dois exemplos, uma forma de selecionar seria colocar um dilema moral inevitável aos autores do roubo da carteira: aceitar um emprego na agricultura ou ir trabalhar para as oficinas de recuperação do sistema prisional. Quanto aos acidentes, para o PIB contribuiria a campanha de prevenção rodoviária e a fiscalização dos limites das velocidades, diminuindo a sinistralidade.
Teriamos um PIB menor mas mais eficaz para a felicidade da comunidade.
E as medidas de seleção de contribuições para o PIB sobrepor-se-iam às medidas de austeridade.
Salvo melhor opinião, claro.
Mas não sei se o senhor ministro da economia, julgado invisivel e silencioso pelo senhor Francisco Van Zeller, antigo presidente da Confederação industrial portuguesa ("todos nós, empresários, estamos admirados com o silencio do governo relativamente ao crescimento económico; parece que há um desamparo"), alinhará na ideia, embora a reivindicação deste sejam medidas para o crescimento económico, o que parecerá também uma boa ideia. Porém, a tal preocupação com a felicidade da comunidade deveria dar a prioridade ao combate ao desemprego, o que não parece vir do ministério da economia.
Nem medidas de crescimento, nem medidas de combate ao desemprego, nem medidas de seleção de contribuições para o PIB.
Pelo menos por enquanto.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
A escola à noite, durante as férias
Vistas noturnas de uma escola secundária renovada no âmbito da ação da Parque Escolar.
Período de férias, escola sem atividade.
De como uma ideia certa, remodelar os edificios escolares, é assassinada, na aceção literal, pela ignorancia dos decisores de como se elaboram programas e se conduzem processos de obras , pelo oportunismo dos projetistas e empresários, e pelo afastamento imposto ou consentido dos principais interessados, professores e pais dos alunos.
Quando as escolas renovadas reabrem, aparecem senhores e senhoras importantes a receber o aplauso e nas ebtrevistas na TV as pessoas gabam como as escolas ficaram lindas.
Far-se-á o possivel por se esquecer que quem lançou o programa se preocupou muito em impor um sistema de avaliação de professores no meio de uma campanha de descredibilização desses mesmo professores (horror, como se tem coragem para descredibilizar professores sem pensar nos maleficios que isso traz).
Mas a triste realidade é que a maior parte das obras não considerou nos projetos a eficiência energética e a facilidade de desligação de circuitos parciais de iluminação não necessária durante a noite.
Resultado: subida da fatura de energia (inevitável porque as áreas aumentaram e foi introduzido o ar condicionado, mas essa tendencia não foi mitigada), para alem de se terem passado cheques em branco a projetistas para fazerem obras de capa de revista e de funcionalidade onerosa. Sem esquecer os famigerados ajustes diretos, claro.
Parafraseando Ronaldo, ("Carlos, assim não ganhamos o jogo") assim não melhoramos no PISA, com as consequencias inevitáveis quando, daqui a uns anos, quem não melhorou agora no PISA, assumir os seus lugares de chefia nas empresas, nas instituições, nos partidos e no governo.
Antecedentes:
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RENOVAÇÃO DO PARQUE ESCOLAR
Lixo
Mantem-se a prática.
Durante a semana vão-se despejando os sacos de lixo ou simplesmente lixo junto do contentor de vidro usado para reciclagem.
Às terças feiras passa um camião de recolha e leva o lixo.
E assim vamos urbanamente vivendo e decidindo o futuro da comunidade.
Como será com a reforma das freguesias?
Vamos ficar à espera que a nova junta de freguesia, agora mais distante deste ponto, mande vir um camião?
Semanalmente?
Quinzenalmente?
Nunca?
Vamos esperar que os cidadãos e cidadãs se restrinjam aos contentores dos condomínios e não conspurquem a rua?
A nova junta de freguesia mandará pôr um contentor de lixo apropriado?
Não percamos as cenas dos próximos capítulos.
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recolha de lixo
Oportunidades de negócio
O primeiro ministro da Turquia tem um sonho.
Como já tem 3 pontes sobre o Bósforo e um tunel ferroviário, vai tentar concretizar um canal que, contornando Istambul/Constantinopla, faça o paralelo com o Bósforo, constituindo um caminho alternativo para o tráfego comercial.
A ideia escandalizou os habituais preocupados com os gastos públicos. considerando a ideia megalómana.
Não discutindo se é megalómana ou não, visto que a sobrevivencia da espécie humana às vezes precisa de ideias assim, seria interessante que as companhias de projeto e de construção civil portuguesas se interessassem por isto.
E, já agora, como se costuma dizer no meio, penso que as empresas de projeto e de construção civil portuguesas deviam pegar já na ideia holandesa de construir uma montanha de 2.000 metros de altitude Na provincia de Flevoland, um dos polders do lago Ayssel (Ijssel).
http://www.dailymail.co.uk/news/article-2032230/Mountain-Holland-Engineers-brainstorm-ideas-jokey-request-journalist.html
O objetivo é o turismo e a quebra da monotonia da paisagem.
Parece que a estimativa é de 1.700 milhões de m3 de betão armado.
Estimando o m3 de betão armado a 500 euros, preço para amigo, para ganhar o concurso, e com mão de obra barata e muita maquinaria, para não assustar os holandeses, teriamos 850 mil milhões de euros para a obra de toscos.
Temos de concordar que era bom para o PIB e, melhor que isso, para o PBN português.
Como já tem 3 pontes sobre o Bósforo e um tunel ferroviário, vai tentar concretizar um canal que, contornando Istambul/Constantinopla, faça o paralelo com o Bósforo, constituindo um caminho alternativo para o tráfego comercial.
A ideia escandalizou os habituais preocupados com os gastos públicos. considerando a ideia megalómana.
Não discutindo se é megalómana ou não, visto que a sobrevivencia da espécie humana às vezes precisa de ideias assim, seria interessante que as companhias de projeto e de construção civil portuguesas se interessassem por isto.
E, já agora, como se costuma dizer no meio, penso que as empresas de projeto e de construção civil portuguesas deviam pegar já na ideia holandesa de construir uma montanha de 2.000 metros de altitude Na provincia de Flevoland, um dos polders do lago Ayssel (Ijssel).
http://www.dailymail.co.uk/news/article-2032230/Mountain-Holland-Engineers-brainstorm-ideas-jokey-request-journalist.html
O objetivo é o turismo e a quebra da monotonia da paisagem.
Parece que a estimativa é de 1.700 milhões de m3 de betão armado.
Estimando o m3 de betão armado a 500 euros, preço para amigo, para ganhar o concurso, e com mão de obra barata e muita maquinaria, para não assustar os holandeses, teriamos 850 mil milhões de euros para a obra de toscos.
Temos de concordar que era bom para o PIB e, melhor que isso, para o PBN português.
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canal na Turquia,
montanha artificial na Holanda
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