quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A central fototérmica Gemasolar, na Andaluzia






Tiremos o chapéu.
Aplaudamos quem consegue produzir enquanto nós definhamos com a política de cortes sistemáticos nos investimentos.
Esta central solar térmica (não é fotovoltaica) já entrou em funcionamento perto de Sevilha.
Cerca de 20 MW de potencia instalada de pico em  200 ha de ocupação de território
Capacidade de produção anual de 110 GWh  (110 milhões de kWh), isto é, o consumo anual do metropolitano de Lisboa, inclundo todos os seus edificios.

Inovação tecnológica: o parque de espelhos (helioestatos, estas palavras gregas que não nos deixam) concentra o calor solar no topo de uma torre onde ele é absorvido por um circuito de sais fundidos de nitratos de sódio e potássio. Estes são bombeados para um permutador de calor, no solo, onde é produzido o vapor de água que acciona a turbina acoplada ao gerador, e para um tanque que armazena os sais fundidos a cerca de 500ºC para alimentarem o permutador fora das horas de sol.

Uma obra prima da engenharia termodinamica, quimica, eletrotécnica e informática industrial.

O rendimento (2.000 kWh/m2/ano) é assim cerca de 12 vezes superior ao de uma central fotovoltaica (150 kWh/m2/ano), sendo 3 vezes devido ao melhor rendimento dos coletores solares e 4 vezes por a produção de energia ser possivel durante 6.500 horas por ano, contra 1.600 horas duma central fotovoltaica.
Não disponho de informação sobre os custos de investimento, manutenção, exploração e amortização, comparados com as centrais fotovoltaicas, mas julgo que serão inferiores.
De assinalar ainda o papel desempenhado pela SENER no desenvolvimento desta tecnologia, associada a uma empresa dos Emiratos Arabes Unidos.
O metropolitano de Lisboa chegou a ter uma parceria interessante com aquela firma de engenharia.
Talvez fosse agora a altura de a retomar.

Talvez se pudesse fazer como o jardim zoológico.
O metropolitano apadrinhava uma central destas no Alentejo junto da Estremadura espanhola, oferecia a energia à EDP ou à concessionária e deixava de pagar energia, que ainda são perto de 10 milhões de euros por ano, o que justificaria um investimento de 240 milhões de euros a amortizar completamente em 30 anos a uma taxa de juro de 1,5%, sem QRENs.
Talvez.

Nota - Sem intenções de orgulho patriótico, é interessante recordar que a ideia de um parque de helioestatos concentrando o calor no topo de uma torre e convertendo esse calor em vapor, foi apresentada pelo padre Himalaia, português, e premiada na exposição universal de 1904 em Saint Louis. Na exposição foi apresentado o pirelioforo, concentrador de calor com espelhos cujo foco atingia a temperatura de 3.500ºC. É apenas mais um exemplo de uma ideia para a qual ainda não havia capacidade tecnológica de execução.

Sem comentários:

Enviar um comentário