sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Declarações do senhor primeiro ministro antes de 5 de junho e em 13 de outubro de 2011

Depois das declarações do senhor primeiro ministro em 13 de outubro de 2011, com novos cortes nos rendimentos do trabalho e a continuação da isenção de tributação dos rendimentos do capital, reproduzo o texto deste blogue  de 2 de setembro de 2011


que, por sua vez, incluia comentários da conta do twitter de P.P.Coelho anteriores a 5 de junho de 2011. 

 "os que têm mais terão de ajudar os que têm menos"
 "o governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU"
 "a ideia de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento"
 "se formos governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema financeiro português"
 "o PSD chumbou o PEC4 porque ... a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte do rendimento"
"nós nunca falámos disso (acabar com o 13º mês) e é um disparate"
"como é possível manter um governo em que um primeiro ministro mente?"

Alguns destes comentários foram proferidos em publico e a gravidade de o terem sido em campanha eleitoral e de não corresponderem  à prática posterior do seu autor impede-me de considerar legítima a atuação do atual governo e de considerar reunidas as condições para se poder argumentar seriamente com pessoas assim.

Se, como o senhor primeiro ministro afirma agora, o afastamento da execução orçamental é maior do que o que pensava ser quando tomou posse, ou quando foi negociado o memorando com a troica , justificando com o endividamento das empresas publicas (há anos que se protestava que o grosso da divida das empresas era divida publica e não divida das empresas), da região da Madeira (gerida pelo partido do senhor primeiroministro) e do BPN (subsidiário da SLN, sociedade de investimentos cujos acionistas e beneficiários sempre foram figuras gradas do partido do senhor primeiro ministro), parecerá que a unica saida seria a renegociação com a dita troica com base nos novos (para o governo) dados, sem esquecer que desde junho de 2011 (1/4 do ano) a responsabilidade de mais desvios é do governo que tomou posse.
Evidentemente que perante a gravidade da situação económica a realização de eleições era a ultima coisa a pensar fazer; nestes casos, costumam adotar-se soluções de coligação com apoio parlamentar, mas infelizmente o senhor presidente da República não entendeu assim, queixando-se agora do excesso de austeridade e da ausencia de medidas de crescimento.
Citação de Vasco Rebelo de Andrade, diretor geral do Millennium BCP: "Assumir como dogma que todos os objetivos imppostos pela troica são inalteráveis é pôr mais achas numa fogueira que liquidará o sistema financeiro".

Uma palavra ainda para a incompetencia e demonstração de ignorancia para quem desde a campanha eleitoral defendeu o corte da TSU surdo aos argumentos, por exemplo de Vitor Bento, de que o corte da TSU só teria efeitos se os preços do setor não transacionável baixassem relativamente aos bens transacionáveis, o que era muito dificil de conseguir. 
Depois deste tempo todo a deitar poeira nos olhos dos cidadãos e cidadãs, assacando a ideia do corte à troica (quando o que a troica fez foi acolher a sugestão de "académicos" mas recomendando que a aplicação fosse universal) o governo reconhece que a medida não é eficaz. 
Pena não ter dado ouvidos a quem avisou, como Vitor Bento. 
Ver
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/06/mais-um-livro-de-vitor-bento-economia.html

Enfim, tudo isto mostra a iliteracia dos nossos decisores.
É uma pena e, como se costuma ver pelo mundo fora, indigna.




PS - Correção em 14 de outubro de 2011 ao texto anterior: entre as medidas de austeridade encontra-se o agravamento da taxa sobre as transferncias para os off-shores do anterior governo, e ainda uma taxa extraordinária sobre o IRC de empresas com lucros superiores a um certo valor. 
Manda a verdade reconhecer que o senhor primeiro ministro está tambem a contradizer-se quando finalmente autoriza estender, timidamente embora,  os sacrificios aos rendimentos do capital.
Terá entendido que os ditos encontram em todo o mundo dificuldades em esconder-se .
Faltará agora verificar se é consistente a acusção de Jerónim de Sousa: "O senhor primeiro-ministro não sabe o que é a vida".

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