27 de setembro de 2011, dia negro para o metro de Xangai.
Assim rezava o comunicado do metro de Xangai explicando que o choque na linha 10, de um comboio com outro parado, provocando cerca de 200 feridos, tinha sido causado por falha humana, tendo sido despedidos os responsáveis.
Lamenta-se profundamente que num meio de tecnologia elevada se tenham comportamentos primários deste tipo.
Metafisicamente, é inescapável que num metro, que é uma construção humana, qualquer acidente tenha causas humanas.
Mas entre técnicos costuma-se falar de causas reais, e essas foram fornecidas pelo próprio metro: no seguimento de uma avaria do sistema de controle automático da marcha dos comboios, passou-se a condução manual com cantonamento telefónico; os operadores da central de comando e os agentes de estação cometeram então o erro que provocou o choque, a 35 km/h.
Do ponto de vista técnico, parece estar-se perante uma inconformidade, provavelmente motivada pelas pressas na inauguração da linha e no menosprezo dos ensaios de segurança e endurance do sistema automático. Pobres funcionários que arcaram com as falhas de projeto, de planeamento, de supervisão, de fiabilidade do sistema, de
formação dos agentes, de reserva de um periodo diario para circulação em marcha manual, de previsão de um sistema de recurso para substituição do sistema automático (por exemplo, um sistema simplificado de sinalização luminosa lateral baseado em circuitos de via ou contadores de eixo).
Isto ocorre dois meses depois do acidente com 40 mortos de um TGV chinês por avaria do sistema automático durante uma tempestade, sem colocação do sistema num estado de segurança, como especificam as regras ferroviárias.
Mais valia às autoridades chinesas, em lugar de aplicar a técnica do pelourinho, que aplicassem as regras de desenvolvimento e ensaio dos sistemas de segurança e proteção, e que se abrissem mais ao intercambio com os técnicos estrangeiros, para maior segurança de exploração.
Nesse sentido, conviria analisar a conformidade do equipamento envolvido em ambos os acidentes, fornecido por um fabricante chinês, Casco, sob licença da Alstom (a responsabilidade deste fabricante no acidente do metro de Washington ficou registada no respetivo relatório da entidade fiscalizadora dos USA) e também do projeto (meios de recurso e de reação perante perturbações do sistema normal).
Mas é mais fácil despedir os funcionários.
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