Será gordura, a cultura?
Os trabalhadores do S.Carlos foram informados de que todos os organismos dependentes da secretaria de estado da cultura teriam de reduzir 20% dos custos.
Já se renegociam as produções de ópera já contratadas e já se antevêm reduções salariais.
Apesar de a cultura ser um setor em que se pode investir para obter retorno dos investimentos, a orientação é a de adormecer.
Pode ser que a culpa seja da ideia de cultura que os agentes culturais foram desenvolvendo ao longo dos anos.
Eu próprio critiquei há pouco tempo a convicção que os realizadores de cinema portugueses têm de que são muito talentosos.
Mas essas coisas mudam-se com pedagogia.
Cortar cegamente 20% na cultura significa apenas que quem o decidiu não tem cultura.
Longe vai o tempo em que se reivindicava 1% do orçamento de estado para o ministério da cultura.
Agora, em vez de poupar o ministério aos cortes, reduz-se ainda mais a capacidade de investir em atividades culturais rentáveis.
O grande inquisidor de Espanha, que aparece no D.Carlos de Verdi, que inaugurou a temporada lírica, não faria melhor para assassinar a cultura.
Mas oiçamos antes Filipe II, que não fica muito bem na ópera, como aliás não ficou em quase tudo em que se meteu ou quis meter os outros, o que poderia ser uma lição para os solitários do poder, que não devem gostar de ópera.
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